Município, juntas e agrupamentos de escolas asseguraram computador e net a cerca de 200 estudantes carenciados.
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Maria Gonçalves e João Sousa têm sete filhos, cinco deles em idade escolar. Até quinta-feira passada, dia em que o Município de Vila Verde lhes entregou dois computadores e routers de Internet, os dois irmãos tinham de gerir as aulas à distância apenas com um portátil e um telemóvel.
"Faziam um esforço extraordinário e estão de parabéns, porque nunca falharam com as aulas e os trabalhos", parabeniza a vereadora da Educação, Júlia Fernandes, que assumiu a responsabilidade de entregar os últimos equipamentos a famílias carenciadas, para que nenhum estudante do concelho seja discriminado no ensino digital.
Logo que as escolas foram obrigadas a fechar portas devido à covid-19, os agrupamentos do concelho "fizeram um levantamento exaustivo sobre as necessidades dos alunos", sublinha Júlia Fernandes. Foram identificados cerca de 200 alunos sem computador e sem condições de acesso à Internet. Por isso, foi preciso criar uma rede de cooperação para angariar equipamentos para todos.
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"A Escola Secundária de Vila Verde distribuiu 50 computadores, o Município adquiriu 50, o Agrupamento Escolas de Vila Verde emprestou mais 60 e as juntas de freguesia conseguiram cerca de 40, que não estavam a ser utilizados", contabiliza a vereadora, sublinhando que os aparelhos para acesso à Internet foram, maioritariamente, custeados pela Autarquia.
Na casa de Maria Gonçalves e João Sousa, na freguesia de Moure, foram deixados dois computadores e dois routers para reforçar a rede. "Vai ajudar muito", afirma a mulher, garantindo não ter "possibilidades" para comprar equipamentos tecnológicos. O marido está reformado devido a problemas de saúde e Maria dedica-se aos cuidados com a família e a mãe, idosa.
O único computador que era utilizado pelos cinco filhos menores - têm entre 9 e 16 anos -, tinha sido oferecido pelas duas filhas mais velhas, preocupadas com a educação dos irmãos.
"É um bocadinho difícil gerir tudo", desabafa Andreia, uma das filhas que ofereceram um portátil aos irmãos. O seu telemóvel passou a ser dividido com o resto da casa. Encontra-se em lay-off, pelo que passou a ajudar os mais novos com as tarefas escolares. "Sinto-me um bocadinho a professora. Tenho de os obrigar a fazer os trabalhos, eles não gostam muito", admite a jovem de 22 anos.
O primeiro caso de covid-19 em Vila Verde foi registado a 27 de março. Desde então, o concelho já conta com mais de uma centena de infetados. Uma das situações mais complicadas aconteceu no Lar do Trabalhador, em Prado, em que 12 idosos tiveram de ser retirados da instituição.
Júlia Fernandes
Vereadora Câmara Vila Verde
"O trabalho em rede permitiu resolver a carência de equipamentos e o ensino à distância está a funcionar"
Linhas de apoio
O Município de Vila Verde criou uma linha de apoio psicológico (961790494) para ajudar a população a ultrapassar o confinamento. "Toda a gente pode ligar, nem que seja para desabafar", diz a vereadora Júlia Fernandes. Há também linhas de apoio social para maiores de 60 anos (253323002/926288134/926288138).
Medicamentos em casa
Em articulação com o Centro de Saúde de Vila Verde, as receitas para medicamentos estão a ser entregues no Gabinete da Ação Social do Município, que as faz chegar aos presidentes de Junta. São eles que depois entregam os documentos na casa dos utentes e, em caso de necessidade, vão às farmácias fazer a compra.
Máscaras
Na União de Freguesias do Vade, as costureiras atualmente sem trabalho juntaram-se numa causa e estão a fazer máscaras para toda a comunidade. A Junta de Freguesia de Soutelo também começou a distribuir este equipamento de proteção à população mais envelhecida e a cidadãos que integrem grupos de risco.
Cabazes alimentares
Vila Verde está a distribuir cabazes a famílias carenciadas. Até ao momento estão sinalizadas 300 pessoas, algumas delas já tiveram necessidade de receber bens alimentares mais do que uma vez.