Visitantes do museu vão poder falar com descendentes de Aristides de Sousa Mendes este sábado
Familiares de Aristides de Sousa Mendes vão estar na casa do antigo cônsul português em Bordéus, este sábado, em Cabanas de Viriato. Será uma oportunidade para os visitantes conhecerem descendentes do homem que salvou milhares de vidas na II Guerra Mundial.
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Uma visita ao Museu Aristides de Sousa Mendes, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, este sábado, é mais do que uma oportunidade de conhecer a Casa do Passal e o legado do homem que desafiou Salazar e ajudou pelo menos 15 mil pessoas durante a II Guerra Mundial. "Desde a abertura, percebemos o fascínio por esta família numerosa, herdeira do nome e legado do humanista e herói do Holocausto", explica a Câmara.
Notando a "evidente" vontade de "descobrir mais sobre esta figura histórica de Portugal", a autarquia vai juntar netos, bisnetos e trinetos do antigo cônsul em Bordéus na “Casa do Passal”. Os descendentes de Aristides estarão espalhados pelas várias divisões da casa, que há cerca de 10 meses perpetua a memória e o “ato de coragem” do antigo cônsul. Os familiares estarão identificados com um crachá e disponíveis para conversar com o público que visitar o museu durante este sábado, entre as 11 e as 18 horas, à exceção de um intervalo para almoço, entre as 13 e as 14 horas.
Da parte da tarde, às 15 horas, está marcado um convívio para café entre visitantes e familiares de Aristides de Sousa Mendes, nos jardins da antiga casa do cônsul. O convívio será animado com música da Sociedade Filarmónica de Cabanas de Viriato.
Do abandono a local de memória e homenagem
A Casa do Passal regressou à vida, após anos de abandono, a 19 de julho de 2024, assinalando o aniversário do cônsul, nascido em 1885. Em menos de um ano, o Museu Aristides Sousa Mendes recebeu mais de 31 mil visitantes, segundo dados disponibilizados pela Câmara de Carregal do Sal. A casa da família do diplomata, por onde também passaram inúmeros refugiados, acolhidos durante a fuga ao nazismo, abriu as portas “para evocar os valores da tolerância e da paz, perpetuando o legado e a memória do homem, do cônsul e do ato de consciência, e heroísmo, de desafiar Salazar e salvar milhares de vidas do Holocausto”, segundo a Câmara do Carregal.
Conhecida pela população local como “Casa do Doutor Aristides”, foi classificada como Monumento Nacional em 2011, mas só 10 anos depois, em 2021, foi aprovada a candidatura a financiamento comunitário do projeto proposto pela Câmara Municipal de Carregal do Sal para a respetiva Requalificação e Musealização, com a colaboração do Ministério da Cultura. A obra arrancou em 2022 e demorou cerca de dois anos a ficar concluída, aproximadamente 18 meses para devolver às ruínas o ar de mansão francesa e seis a sete meses para acabar com a selva e trazer de volta os jardins, que tentaram recuperar os originais, criados a partir de árvores e plantas recolhidas por Aristides nos vários locais do Mundo por onde passou enquanto diplomata.
A recuperação da Casa do Passal custou cerca de 3,5 milhões de euros, dois milhões para a casa, cerca de 700 mil para o jardim e outro tanto, aproximadamente, para a parte da musealização, que durou sete a oito meses a concluir. Obra dos arquitetos Pedro Azevedo e Susana Rosmaninho, contou com coordenação geral do arquiteto José Maria Lobo de Carvalho, curadoria científica da professora Cláudia Ninhos, museografia de Cariátides e United By, com colaboração da família Sousa Mendes, fundação Aristides de Sousa Mendes, Sousa Mendes Foundation e Ministério dos Negócios Estrangeiros entre outras entidades e privados.