Sem truques e com ingredientes muito simples, o segredo do prato, dizem os especialistas, "é respeitar a receita".
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Para a vitela assada começar a ser servida, por volta do meio-dia, no restaurante Feira Velha, em frente à Câmara Municipal de Fafe, Carlos Teixeira, o proprietário, começa a aquecer o forno a lenha por volta das 8 horas. Este processo artesanal é o único que garante um bom resultado final.
Carlos Teixeira no restaurante Feira Velha
Fotos: Leonel de Castro
Rosa Maria Oliveira, presidente da Confraria da Vitela Assada à Moda de Fafe, garante que é um prato sem grandes segredos, "feito com ingredientes muito simples" e que o importante é seguir a receita, "sem inventar". O prato que marca a identidade fafense é celebrado entre hoje e domingo: haverá oportunidades de provar, mas também de aprender a fazer, música - Bárbara Tinoco e Marisa - e uma exposição de fotografia que celebra a gastronomia e a cultura portuguesa.
Rosa Maria Oliveira
Foto: Leonel de Castro
"Quem anda pelas ruas de Fafe, ao domingo, sente o cheiro da vitela assada. As pessoas juntam-se em família, na casa dos pais ou dos sogros, para comer e o prato é, invariavelmente, vitela", assinala a vereadora Paula Nogueira. "É como se repetissem o Natal a cada fim de semana", acrescenta. Os restaurantes mimetizam os hábitos da terra, aos domingos o prato não falta em nenhuma ementa e volta a repetir-se na quarta-feira, o dia da feira semanal. Em restaurantes como o Feira Velha, Adega Popular, Casa de Pasto Reis, Desigual, Dom Egas (os que este ano estarão presentes no Festival Gastronómico da Vitela Assada à Moda de Fafe) a procura é tanta que o prato já é confecionado diariamente.
Paula Nogueira
Foto: Leonel de Castro
Rosa Maria costuma dizer que nasceu e cresceu "com o cheiro da vitela". A confreira é neta dos proprietários da Pensão Vista Alegre (mais conhecida por Zé da Menina, sendo o Zé o avô e a Menina, a avó), conhecida pela confeção eximia da vitela assada. Contam-se histórias, do tempo em que o comboio ainda chegava a Fafe (a linha foi fechada em 1986), de gente que vinha do Porto para saborear a iguaria. Rosa Maria defende que se trata de um prato feito com ingredientes simples - sal, alho, louro, salsa, colorau ou pimenta, vinho verde branco e azeite - "em que o importante é não inventar". Carlos Teixeira concorda e acrescenta a importância da assadura ser feita com lenha, "em forno ou fogão, lentamente e numa pingadeira de barro".
Foto: Leonel de Castro
Tenra e suculenta
A carne é de animais de raça barrosã ou minhota com seis ou sete meses de idade que, em Fafe, ainda passam pelo pasto. "Usa-se a costela mendinha, mais gorda e suculenta ou o nispo que não tem tanta gordura, mas é mais tenro", explica Carlos Teixeira, que leva 40 anos a acender o forno pela manhã para assar vitela. A Feira Gastronómica vai na sua décima edição. Carlos Teixeira atesta que foi grande impulso na promoção do prato identitário fafense: "Vendemos duas vezes mais e ao longo de todo o ano".
Durante o festival de 2024, cozinhou-se uma tonelada de vitela. Este ano, numa edição com mais atrativos - concertos de Marisa e Bárbara Tinoco, oficinas para aprender a assar vitela e uma exposição fotográfica celebrando a gastronomia e a cultura portuguesa - a organização espera superar esse número.
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Horário
Sexta-feira, dia 3, e sábado, dia 4 - 18 horas à meia-noite
Domingo, dia 5 - 12 horas às 18 horas
Preço
17.5 euros - Vitela Assada à Moda de Fafe, vinho verde (água ou bebida de cápsula) e doce de gema.
Cartaz cultural
Sexta-feira, dia 3
22 horas - Bárbara Tinoco
Sábado, dia 4
15 horas - ARPIFAFE, música
18 horas - Workshop de vitela assada pelo chef José Vinagre do Hotel Melià de Braga
19 horas - Grupo de cavaquinhos da Associação Arco de Santo Ovídio
22 horas - Marisa
Domingo, dia 5
12 horas - Tuna da Universidade Sénior de Fafe
15 horas - AAPAEIF, música
Ao longo dos três dias está patente a mostra de fotografia "Saberes e Tradições: Confrarias em imagens".