Desde agosto de 2020, a Estrutura de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica (EAVVD) “O Novo Começo” do Alto Tâmega e Barroso acompanhou 459 pessoas. Destas, 330 adultas e 129 menores. A maioria foram encaminhadas pela GNR, pela PSP e pelo Ministério Público.
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Só em 2024 foram registadas 144 vítimas adultas, a que se somaram 43 que, apesar de sinalizadas, recusaram iniciar o acompanhamento. Chaves foi o concelho com mais casos (79), seguido de Vila Pouca de Aguiar (23), Valpaços (19), Montalegre (12), Boticas (6) e Ribeira de Pena (5).
No caso das crianças e jovens, o ano passado foram acompanhadas 67 vítimas. Houve mais oito sinalizadas cujo acompanhamento não foi depois autorizado pela família. Chaves, por ser o concelho mais populoso, voltou a liderar (35 casos), seguido de Vila Pouca de Aguiar (11), Ribeira de Pena (7), Valpaços (7), Montalegre (6) e Boticas (1).
O facto de 2024 ter tido um grande incremento deve-se, segundo a coordenadora técnica da EAVVD, Joana Figueiredo, à “maior visibilidade da estrutura e à maior solidez da rede de contactos”.
Para a responsável, “o volume de casos não dá satisfação”, pois é sinal de que continuam a existir muitos casos de violência doméstica. Porém, “reflete que as pessoas, e cada vez mais, estão disponíveis para pedir ajuda e para desocultar o crime”. Daí que ter mais casos a cada ano que passa revela que “havia muitos que já existiam, mas não estavam denunciados nem sinalizados”.
Violência de filhos contra pais
A EAVVD, sediada em Chaves, foi criada pela delegação local da Cruz Vermelha Portuguesa. O presidente, Hélder Pereira, nota que o espaço é “de excelência”, até por ser “pouco visível” e “permitir alguma segurança”.
Nuno Vaz, presidente da Câmara Municipal de Chaves, enaltece o projeto, porque permite “fazer pedagogia para que os comportamentos violentos possam ser evitados”. Todavia, se acontecerem, é “importante ter uma resposta para quem está numa situação frágil”.
A violência entre marido e mulher, ou entre pessoas que vivem em união de facto, são as situações com “maior visibilidade e que representam o maior número de situações”, de acordo com Joana Figueiredo. Porém, “há cada vez mais casos de violência de filhos contra pais”, nomeadamente “filhos jovens”.