Uma família do Furadouro, em Ovar, vive numa casa que a Câmara diz estar em risco de ruir. Ao fim de 15 anos de espera e quando pensava que iria ter casa nova, esta foi ocupada. Por outra família ainda mais carenciada.
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Maria do Céu Vieira, de 58 anos, e o marido, Augusto Dias, de 66, vivem há mais de três décadas numa casa térrea frente ao mar do Furadouro, em Ovar, junto a um condomínio de luxo. O casal, bem como o filho de 21 anos que com eles vive, até poderiam considerar-se afortunados não fosse a casa ameaçar ruína pelo menos desde 1994, altura em que a Câmara de Ovar considerou que o edifício oferecia perigo para a segurança e saúde dos moradores. E não fosse também o facto de serem obrigados a tomar banho nos balneários públicos e de noite serem acordados pela constante correria de ratazanas. "Estamos inscritos para receber uma casa da Câmara há já 15 anos, mas até agora nada", explicou Augusto Dias.
Há cerca de dois anos surgiu a hipótese de mudança para uma casa situada frente à escola do Furadouro, há muito desocupada, então da Segurança Social e que acabou por ser transferida para a Câmara de Ovar.
"Estávamos tão contentes, mas, de repente, nos finais do mês passado, foi para lá outra família", lamentou Maria do Céu. A habitação, acabada de pintar de branco, é agora o lar de Maria José Norton, de 75 anos, de dois filhos e um genro e de uma neta de 13 anos. "A casa onde vivíamos não tinha condições. O telhado abateu, chovia no quarto da minha neta, não tinha casa de banho completa e a humidade era imensa", contou a matriarca, curvada pelos vários males de saúde que a afectam. "Agora estamos muito bem", explicou a sorrir.
Questionado sobre o caso, o vice-presidente da Câmara de Ovar, David Almeida, responsável pela Acção Social, explicou que a situação da família de Maria José Norton era muito urgente, sobretudo por se tratar de uma pessoa muito doente.
O caso de Augusto Dias e da mulher, porém, não está esquecido, isto apesar de não estar previsto, a curto prazo, a construção de mais habitação social no Furadouro, de onde o casal não quer sair.
"Estamos a fazer uma actualização das carências a nível habitacional em todo o concelho e então logo veremos quais os casos mais urgentes e por que alternativa poderemos optar, seja a Câmara a alugar casas, ou a dar um subsídio aqueles que arrendarem pelos seus próprios meios", explicou o autarca.