População vai votar se quer manter festa municipal a 19 de março, data da criação do concelho, ou alterar para o dia do padroeiro S. Bento, a 11 de julho.
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"Concorda em manter a data do feriado municipal de Vizela no dia 19 de março em vez de a alterar para o dia 11 de julho?" É esta a pergunta que cerca de 21 500 vizelenses vão ser chamados a responder, a 8 de janeiro próximo, num referendo que já esteve para se realizar duas vezes, mas foi adiado à conta da pandemia e das eleições presidenciais. O presidente da Câmara, Victor Hugo Salgado, não esconde que é a favor da manutenção de 19 de março, que assinala a criação do concelho, mas a população está dividida e há quem prefira o dia do padroeiro S. Bento das Peras, 11 de julho.
Na barbearia de Alberto Mendes, o assunto tem estado na ordem do dia. "A maioria dos clientes quer o feriado no dia do padroeiro, a 11 de julho", afirma o barbeiro. Sentado na cadeira à espera de vez, Rui Cunha concorda que "80% das pessoas querem mudar a data". "Na altura, o nosso presidente decidiu sem ouvir o povo. Foi muito criticado", lembra o vizelense, recuando a 2003, altura em que a Câmara e a Assembleia Municipal aprovaram o feriado para 19 de março.
luta autonómica
Alberto Mendes insiste que, ainda atualmente, é no Dia de S. Bento que se faz a maior festa da cidade. "As pessoas dizem que é sagrado e nem vão trabalhar. Há empresas que já dão tolerância de ponto", conta o barbeiro. "As firmas param mesmo. A maior parte das pessoas vão para a festa e tiram um dia de férias", corrobora Armandina Pacheco, vizelense que assume estar ainda em dúvidas sobre a melhor data. "Concordo com o presidente da Câmara que se mudarmos, as pessoas possam vir a esquecer-se da data de criação do concelho", justifica.
Na pastelaria Fina, o proprietário, José Armando Branco, não tem dúvidas de que mudar para 11 de julho "não tem lógica". "O 19 de março é um feriado do concelho que não tínhamos. Foram muitos anos de luta", sublinha o empresário e presidente da Junta de S. Miguel e S. João. "Já festejamos o 11 de julho de qualquer maneira", remata a cliente, Ângela Magalhães.
Victor Hugo Salgado concorda que se deve "manter a data como homenagem àquilo que foi a corporização da luta autonómica e criação do concelho de Vizela". Contudo, o autarca justifica que avançou com o referendo porque a questão foi "durante muito tempo suscitada, em particular, nos últimos anos em que o anterior presidente da Câmara esteve em funções e o 19 de março se resumia a atividade política".
"Neste momento, sinto que a tendência é para manter, porque desde que assumi funções fiz questão de reafirmar a identidade do povo de Vizela e valorizar a luta autonómica", conclui o autarca.
FUNCIONAMENTO
Urnas pelas freguesias
O referendo vai funcionar como uma eleição normal e serão distribuídas 23 mesas de votos pelas cinco freguesias e uniões de freguesia. A votação decorrerá entre as 8 e as 19 horas. Até lá, a Câmara vai promover campanhas de apelo ao voto e debates sobre o tema.