Vizinhos tentaram salvar mulher na Maia: "Mal a porta caiu, tentei entrar, mas era impossível"
Maria Elisabete Loureiro morreu carbonizada na própria casa, em Águas Santas, na Maia. O fogo, que deflagrou ontem à noite, rapidamente se alastrou devido à acumulação de lixo na habitação. Os vizinhos ainda tentaram socorrer a moradora, mas não conseguiram entrar na casa.
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Passavam poucos minutos das 21 horas quando os moradores de um prédio na Rua Abel Salazar, em Águas Santas, se aperceberam do cheiro a queimado e do fumo que saía de um dos apartamentos do primeiro andar. Aos poucos, começaram a sair do edifício e só quando uma das moradoras ouviu Maria Elisabete, que teria entre 50 e 60 anos, a gritar por “socorro” é que perceberam que estava alguém dentro da habitação.
Enquanto os bombeiros não chegavam, os moradores arrombaram a porta e tentaram entrar na casa para socorrer Maria Elisabete, utilizando os extintores do prédio. No entanto, devido ao fumo intenso e à acumulação de objetos não conseguiram sequer entrar na habitação. “Mal a porta caiu, tentei entrar, mas era impossível. Não conseguia ver a chama, mas havia muito fumo e muita tralha”, contou um dos moradores ao JN.
Corpo retirado de madrugada
Segundo os vizinhos, o apartamento onde a mulher residia tinha “muito lixo, papel higiénico usado espalhado por todos os lados, fezes e garrafas de água cheias de urina”. Já há cerca de 20 anos que Elisabete era moradora daquele prédio, mas não era vista muitas vezes pelas redondezas. “Saía de manhã muito cedo para trabalhar e chegava sempre à noite”, mas “dizia sempre bom dia ou boa noite” e “era sempre muito educada”, recordam.
Elisabete, que segundo os vizinhos trabalhava como inspetora das finanças, andava sempre acompanhada por uma muleta, devido aos problemas de mobilidade, e já tinha realizado duas cirurgias para a obesidade. De acordo com os moradores, a mulher era divorciada e tinha um filho, mas “vivia sozinha há muitos anos”.
O alerta para os bombeiros foi dado por volta das 21.30 horas. A PSP foi a primeira a chegar e os agentes ainda tentaram entrar no apartamento para resgatar a mulher, mas também não conseguiram. À chegada dos meios de socorro – foram mobilizados os Bombeiros de Moreira da Maia, de Pedrouços, Cruz Vermelha e INEM – a vítima já estava carbonizada. Ao contrário do que foi dito inicialmente, o fogo terá começado na zona da casa de banho, onde o corpo foi encontrado, e não na zona da cozinha. O corpo da vítima já só foi retirado de madrugada. A PJ está a investigar o caso.