Grupo composto por duas alunas, duas ex-alunas e uma professora vai estar durante 23 dias em Chibuto. Projeto iniciou em 2016 e tem o “sonho” de construir nova maternidade.
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Duas alunas do 12.º ano, duas ex-alunas e uma professora do Agrupamento de Escolas de Amares partem no próximo sábado para uma jornada solidária no município de Chibuto, em Moçambique, onde estarão durante 23 dias em trabalho voluntário. As cinco dão corpo a uma nova edição do projeto “Missão Amar(es)”, que começou em 2016 a partir do clube escolar do voluntariado.
Em Moçambique, Leonor Campelo, Leonor Fortunato, Vânia Priscila, Rute Duarte e Fátima Soares serão recebidas por Bernardino Silva, professor de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) e mentor deste projeto, que já viajou de Amares para Chibuto na semana passada. Este ano, segundo o coordenador, um dos objetivos é “fomentar e desenvolver” a saúde materna, embora se mantenha o envolvimento noutras áreas, nomeadamente agricultura e educação, em articulação com os Missionários da Boa Nova.
“Em abril, fizemos chegar a Chibuto uma ambulância cedida pelos Bombeiros de Vila das Aves e agora queremos mostrar as potencialidades desse veículo, que pode ser crucial para melhorar a saúde materna”, adiantou ao JN Bernardino Silva, sublinhando a importância de o grupo deste ano contar com uma enfermeira (Vânia Priscila). “Atendendo a isso e a toda a relação de cooperação já estabelecida com as autoridades locais, poderemos levar estes cuidados às comunidades da periferia”, explicou.
Partos em ambulância
Entre as “potencialidades” identificadas por Bernardino Silva está a possibilidade de poderem ser realizados partos nesta ambulância, que “é diferente” das já existentes em Chibuto e “tem excelentes capacidades logísticas”. “A ambulância pode, durante três ou quatro dias, fixar-se para a realização de partos num determinado local”, precisou o coordenador do projeto, para quem há “necessidade de reduzir os nascimentos nas comunidades, em situações muito precárias, o que provoca números elevados de morte infantil”.
Segundo Bernardino Silva, Chibuto é um “município muito grande, com um hospital rural deficitário e uma maternidade com pouca capacidade”, o que faz com que outro dos objetivos seja o início da construção de uma nova sala de partos. “À partida, vamos começar já a estrutura”, assegurou. O “sonho”, no entanto, é construir uma nova maternidade, algo que necessita de mais recursos e mais tempo. “O nosso trabalho é contínuo, mesmo à distância, não se cinge aos dias que passamos em Chibuto”, vincou o professor.
Todas estreantes
As cinco voluntárias que compõem a “Missão Amar(es)” deste ano são estreantes em projetos de voluntariado internacional. “Já era um sonho há muito. Fui eu que me quis integrar no grupo, embora não seja muito habitual irem professores, porque senti um apelo muito grande para ir ao encontro de uma experiência que acredito que vá ser muito enriquecedora”, testemunhou ao JN Fátima Soares, de 51 anos, professora de Português, para quem “tudo aquilo que se possa fazer para o bem dos outros é sempre bom”.
Esse é também o espírito com que partem Vânia Priscila (28 anos) e Leonor Fortunato (18). “Era algo que realmente queria muito, mas só agora surgiu a oportunidade, porque estive no estrangeiro. A partir do momento em que regressei este foi um grande objetivo”, contou Vânia, que acredita que pode usar a experiência profissional para “fazer a diferença”. Já Leonor garante estar preparada para o “choque” de realidades. “Só estando dentro do contexto é que vou saber realmente como me sentirei, mas estou muito disponível para ajudar quem mais precisa do nosso apoio”, garantiu a estudante.