Voluntários de todo o Mundo dão vida ao espírito medieval em Santa Maria da Feira
Entusiasmo para fazer parte de recriação histórica em Santa Maria da Feira ultrapassa fronteiras.
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Mais do que um simples um regresso ao passado, a Viagem Medieval é feita de pessoas. Na edição deste ano, 471 voluntários e figurantes foram selecionados entre cerca de 900 inscritos para participar naquela que é uma das maiores recriações históricas do país, que começa oficialmente a 30 de julho e estende-se até 10 de agosto, em Santa Maria da Feira. Mas amanhã, dia 29, já há uma sessão de abertura especial, que homenageia os feirenses nascidos desde o ano da primeira edição. Depois, há 96 espetáculos, 18 áreas temáticas, seis praças de animação, dois restaurantes, 17 tabernas e 60 bancas de doces e salgados. O orçamento desta edição chega aos 2,3 milhões.
Todos os anos, o entusiasmo repete-se: em 2025, houve mais de 600 candidaturas para voluntariado, das quais foram selecionadas 380; e mais de 250 inscrições para figuração, com 91 guerreiros recrutados.
“São embaixadores”
Para Paulo Sérgio Pais, responsável pela empresa municipal Feira Viva, entidade organizadora, o voluntariado “é um elemento estrutural”. “Os voluntários são um dos rostos mais visíveis da Viagem Medieval, são embaixadores, são quem tem mais contacto com público, nas bilheteiras, na figuração e em muitas outras funções. Sem eles, a Viagem ficaria amputada de muitos serviços determinantes”, disse.
Os voluntários chegam do Norte ao Sul e até do estrangeiro, de países como Brasil, Ucrânia, EUA, Irlanda ou Gâmbia. São estudantes, operários, historiadores e administrativos, todos unidos pela vontade de viver a experiência. A seleção é rigorosa, com entrevistas e formação. Os voluntários são distribuídos por várias áreas temáticas e podem passar pelos Banhos de S. Jorge, Floresta Mágica, apoio ao visitante, bastidores e bilheteiras, entre outras funções.
Joana Correia, administrativa de 43 anos, é voluntária há 23 edições. “Tudo começou por curiosidade, quando uma amiga me desafiou. Percebi logo que não ia ficar por ali”, recordou. Já passou por várias áreas, mas prefere as bilheteiras externas: “Somos o primeiro rosto do evento, criamos empatia com quem chega. Isso enche-me o coração”. Nem o casamento a travou: “Casei durante a Viagem Medieval, mas mesmo assim participei quatro dias. Não consegui ficar longe. Enquanto puder, estarei cá”.
“É uma mais-valia”
Francisco Coimbra estuda Arqueologia e participa pela terceira vez. “Adorei a primeira experiência. Já estive com crianças nos jogos e no castelo, a controlar as subidas nas ameias”, explica. Natural da Feira, destaca a ligação emocional: “Sempre adorei história. Como voluntário, integro-me ainda mais na cidade”. Rodrigo Andrade, de 20 anos e natural de Gaia, recomenda a iniciativa aos jovens. Já foi monge e fez visitas guiadas. “É no verão, faz-se bem, e este trabalho com o público é uma mais-valia pela experiência que proporciona”, sublinhou.