Pela porta entreaberta da casa abandonada na cidade de Aveiro vê-se uma mesa com velas e várias sacas em cima. É ao redor dela que António, 64 anos, e mais meia-dúzia de sem-abrigo se vão sentar a comer os alimentos que os voluntários do Moliceiro Solidário entregaram, um projeto que nasceu nas redes sociais.
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Há sete anos que António viu a vida ir “por água-abaixo” quando se separou da mulher. Agora, a ajuda que recebe alimenta mais do que o corpo. Estar na rua “não é vida para ninguém”, as pessoas ficam “sem carinho, sem amor, sem consideração, sem respeito, sem nada”, desabafa.
O grupo Moliceiro Solidário começou a distribuir comida aos sem-abrigo de Aveiro há dois anos, após um desabafo nas redes sociais. As pessoas ficaram comovidas e foram-se juntando. Umas doam alimentos, outras confecionam refeições, um grupo assegura, em viaturas particulares, voltas pela cidade aos sábados e domingos à noite para entregar comida, agasalhos e palavras de conforto. Em média distribuem 40 refeições por noite, mas nunca há certezas quando os voluntários se põem a caminho.