Quem passar pela zona da Cordoaria, no Porto, nesta sexta-feira, poderá ter acesso gratuito a um voo cativo num balão de ar quente, a partir das 11.30 horas. A iniciativa, organizada pelo Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa contra o Cancro, pretende "sensibilizar a população para os serviços de apoio ao doente oncológico e seus familiares e para as atividades de prevenção, educação, investigação e formação", quando se assinala o Dia Mundial do Cancro.
Corpo do artigo
A programação, reservada para sexta-feira, arranca pelas 9.30 horas, com a inauguração de uma nova fachada do edifício sede da Liga, na zona da Areosa, seguindo-se a entrega, no auditório, de 14 bolsas a jovens investigadores, no valor de 168 mil euros
Já ao final do dia, pelas 18 horas, haverá uma homenagem aos doentes com cancro, através de uma cerimónia com luminárias, que irá decorrer no Jardim do Voluntariado da Liga.
"As luminárias são uns sacos de papel onde as pessoas poderão escrever as suas mensagens em memória de um familiar ou amigo que não resistiu ao cancro ou como forma de apoio a quem está a lutar contra a doença. Ao escurecer, cada saco irá ser iluminado", faz saber a Liga. "As luminárias representam a esperança de que aqueles que foram levados pelo cancro não serão esquecidos, que aqueles que lutam contra o cancro serão apoiados e que um dia o cancro será vencido", acrescenta.
Durante esta semana, o IPO e a Liga vão sensibilizar todos os que por ali passarem a deixar as suas mensagens nas luminárias.
"Doente oncológico é parente pobre"
"Por cuidados mais justos" é o tema da nova campanha de três anos para o Dia Mundial do Cancro, que tem como foco "a promoção da equidade na prestação de cuidados de saúde para todas as populações".
De acordo com a Liga, "a campanha expõe os maiores problemas no acesso igualitário à saúde que se prende muitas vezes com fatores socioeconómicos que impedem muitas pessoas de ter acesso à prevenção, diagnóstico, tratamento e cuidados que salvam vidas". "Essas barreiras devem-se muitas vezes a contextos culturais, localização geográfica, género, rendimentos económicos, educação, e discriminação ou suposições baseadas na idade, género, orientação sexual, etnia, deficiência e estilo de vida, e levam a grandes discrepâncias nos riscos de desenvolver cancro e as possibilidades de sobrevivência", assinala.
Segundo Vítor Veloso, presidente do Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro, "o panorama da Oncologia em Portugal é dramático, porque, para além das desigualdades existentes, assiste-se a uma contínua falta de consultas de médico de família, consequente atraso nos meios de diagnóstico e encaminhamento atempado para os hospitais que realizam tratamentos oncológicos". "Estes hospitais, por sua vez, têm listas de espera incompatíveis com tratamento adequados e atempados em relação aos doentes oncológicos. Há um esquecimento total destes doentes que continuam 'encostados' à espera que a pandemia termine", acrescenta.
Segundo o médico oncologista, "muitas medidas deveriam ter sido tomadas durante estes anos para que estas desigualdades não acontecessem". Nomeadamente, "planos devidamente estruturados nos diversos setores que salvaguardassem as desigualdades e permitissem que a acessibilidade e a equidade em relação a todos os trâmites da doença oncológica acontecessem". "O verdadeiro parente pobre do Serviço Nacional de Saúde é, sem dúvida, o doente oncológico", frisou.