A fábrica de Ovar da japonesa Yazaki Saltano, despediu, esta quinta-feira, mais de três centenas de trabalhadores. A medida é justificada com o escalar da crise do mercado automóvel. O Bloco de Esquerda vai pedir respostas ao Governo.
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A Yazaki adianta que a fábrica de Ovar está a ser “forçada a iniciar um processo de redução de efetivos contemplando 364 colaboradores”, tendo já iniciado a consulta com os representantes dos trabalhadores e sindicatos. A multinacional, que é um dos principais fornecedores de sistemas elétricos e eletrónicos para a indústria automóvel, explica, em comunicado, que está a ser “fortemente afetada pela atual situação crítica da indústria automóvel europeia” e que as vendas caíram, pelo que avança agora com a redução de trabalhadores.
A Yazaki garante, no entanto, que os procedimentos legais necessários foram cumpridos e foi “criado um Gabinete de Apoio exclusivamente dedicado a este tema, com o objetivo de apoiar todos os trabalhadores afetados, com especial incidência na recolocação”.
A Câmara de Ovar assegurou, ao JN, que também vai “disponibilizar toda a ajuda que a empresa e os trabalhadores necessitem”, dentro das suas competências, para “garantir a salvaguarda económica e social das pessoas afetadas por essa decisão”.
Eduardo Couto, da Comissão Distrital de Aveiro do Bloco de Esquerda (BE), diz que, entre os trabalhadores que ficam sem sustento, estão operários, funcionários do setor administrativo e de outros setores, alguns dos quais com “décadas de casa”. Segundo Couto, a instabilidade laboral já se fazia sentir há alguns meses, com trabalhadores a fazerem “formações” por “não terem produto” para trabalhar. A situação ter-se-á deteriorado recentemente com o encerramento de empresas na Alemanha para as quais a fábrica de Ovar fornecia produtos.
BE lamenta falta de alternativas
O BE considera que se trata de um “golpe brutal” para centenas de famílias, que aumenta “drasticamente a precariedade e caos social da região, deixando operários e outros funcionários da empresa numa situação de extrema vulnerabilidade”. O partido diz ser “inaceitável que uma empresa com a dimensão da Yazaki Saltano não tenha encontrado uma alternativa que garantisse a manutenção dos postos de trabalho, principalmente tendo em conta os lucros astronómicos que a empresa detém a nível internacional”.
O BE vai questionar o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social para “compreender que respostas o Governo tem” para os operários que ficaram sem trabalho, considerando que é fundamental que "apresente medidas concretas para apoiar estas pessoas, garantindo proteção social e acesso imediato a novas oportunidades de emprego”. Defende, igualmente, a criação de um Plano de Emergência Social nos concelhos onde residem os trabalhadores, que permita dar “apoio imediato” às famílias para que ninguém fique sem meios de subsistência.
O BE acrescenta que são também necessárias respostas “acerca da possível existência de apoios públicos a uma empresa que procede a este despedimento em massa”.