
Evento tem sido realizado no Sameiro nos últimos anos
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Em nome da "paz", a Oficina Yoga de Braga e a Confraria do Sameiro cancelaram a sexta edição do Yoga ao Pôr do Sol marcado para esta sexta-feira, ao início da noite, num dos espaços exteriores do recinto do Santuário do Sameiro.
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Desde que o evento foi anunciado pela confraria (a entidade que gere o espaço religioso) na página do Facebook, foram escritas dezenas de mensagens contra a confraria e contra a oficina, maioritariamente frisando que, num espaço católico, não deveriam realizar-se eventos "de outras religiões".
Um grupo autodenominado de "católicos" começou mesmo a mobilizar-se para ir rezar terço ao Sameiro na mesma hora e local em que centenas de pessoas estariam a fazer ioga.
"Lamento a má criação de tanta gente, a falta de conhecimentos e falta de democracia", disse ao JN o Cónego José Paulo Abreu, presidente da entidade gestora do santuário.
Isabel Oliveira, da Oficina de Yoga, em comunicado, recordou que o evento já se realiza há vários anos, no mesmo local. Antes da pandemia, em 2019, estiveram 400 pessoas. "O único propósito é criar um momento de bem-estar físico e mental, de sossego e tranquilidade, bem como criar uma corrente energética positiva para que no Universo impere a paz e o amor", frisou, realçando que "nunca houve referência à religião ou culto a qualquer tipo de divindade".
"Não é local apropriado para essas práticas. O Código Penal português pune o ultraje e profanação de lugares religiosos. Se fosse num lugar de veneração islâmica garanto que já estavam cabeças a rolar pelo chão", escreveu Maciel Rodrigues no Facebook.
José Carlos Prazeres também é contra a presença de praticantes de ioga no Sameiro. "Os católicos não podem acreditar, rezar, ou meditar outras religiões ou deuses. O ioga é uma disciplina do hinduísmo, portanto é outra religião. Não faz sentido celebrar um evento hindu num local cristão. Tudo tem o seu lugar", referiu.
"Neste processo, vi e li coisas alegadamente feitas por católicos que não têm nada de católico. Enchemos a boca com o ecumenismo, mas o nosso coração não está preparada para acolher os que pensam diferente", finalizou o Cónego José Paulo Abreu.
