
Stephen Grant diz que se o Brexit acontecer, vem viver para Portugal que visita desde que tem a Lucky
Tony Dias / Global Imagens
Quando, há dois anos, o inglês Stephen Grant quase atropelou uma cadela em Portugal, a caminho do Imaginarius, na Feira, estava longe de imaginar que aquele bicho lhe mudaria a vida.
Levou-a consigo ao festival, ainda procurou os donos, mas acabou por adotá-la. E todos os anos fazem dois mil quilómetros para regressarem ao Imaginarius. "Ela tem passaporte português... Volto porque me apaixonei por Portugal e porque é o país dela".
Está a dormir na sua caravana, estacionada no parque dos Bombeiros da Feira, que é também a sua casa em Hurn, Inglaterra, e de Lucky - sortuda em português. "Ela foi, de facto, muito sortuda. E foi uma sorte para mim encontrá-la".
O motorista, de 53 anos, viajou para Portugal, pela primeira vez, em 2017. "Vim com um amigo. E tenho cá vários colegas que gostam de arte de rua. Falaram-me do Imaginarius e quis vir", conta.
Passaporte português
Estava a conduzir em direção à Feira quando Lucky se atravessou no caminho. "Pus logo o pé ao travão e a caravana quase se despistou. Saltei para fora e lá estava ela, enrolada, a tremer, mas subiu para o meu colo. Conseguia sentir-lhe os ossos", conta. Pô-la na caravana, junto da sua outra cadela velhinha, e levou-a consigo até ao Imaginarius.
"Foi maravilhoso. Não tinha trela, mas não fugia de mim. Sempre que ouvia uma família portuguesa, com crianças, ficava interessada. Suspeito que foi uma família que a abandonou", conta.
Ainda foi ao veterinário, divulgou a fotografia, mas acabou por se render. "Ninguém a procurou. Decidi ficar com ela. E tratei-lhe logo do passaporte português". Desde então que voltam todos os anos ao Imaginarius. No ano passado, só juntou o suficiente para vir duas semanas. Desta vez, amealhou 5 mil euros para vir dois meses. "Cheguei em abril. Já estive em Penamacor, em S. Martinho do Porto, Nazaré e no Porto", enumera Stephen Grant.
Lucky ficou famosa
Agora, está na Feira. "Hei de voltar sempre aqui, é um lugar maravilhoso. Toda a gente é simpática e a Lucky é um fenómeno. Sempre que digo que é portuguesa, as pessoas querem ouvir a história". Está tão famosa que até diz, em brincadeira, que vai cobrar um euro por cada foto.
"Quando a encontrei, tinha seis meses. Para mim não é só um cão, é um membro da família. E vai ficar comigo o resto da vida". Quem sabe em Portugal, porque Stephen sonha ficar cá para sempre. "Já prometi que se o Brexit for em frente, venho viver para Portugal".
