Ana Marta Ferreira com o coração em Cabo Verde e os olhos postos em novos palcos
Com 31 anos e mais de duas décadas de carreira, atriz mergulha no voluntariado, reencontra-se como artista e saboreia, com o filho, uma nova fase da vida. Atualmente, Ana Marta Ferreira integra o elenco da novela "Vitória", na SIC.
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É Ana Marta agora. Martinha ficou lá atrás, entre os dias de gravação e o tempo em que representar era "o desporto" de infância. Hoje, aos 31 e com quase duas décadas de carreira, a atriz reencontra-se com a certeza de que é nos palcos da vida que quer continuar. E a representar. Seja num papel de ficção ou como embaixadora da ONG Turn On Success.
Foi aos nove anos que se estreou como atriz, ainda uma miúda, quando outros iam para o futebol ou para a dança. A representação era o seu jogo favorito. O seu primeiro grande papel foi em 2004, em "Morangos com açúcar", da TVI, conquistando o público. "Sempre vi isto como o meu desporto", recorda. Ana Marta cresceu rodeada de adultos e num ambiente de gravações, mas sem nunca perder a magia de criança. "O lado infantil, da brincadeira, nunca se perdeu", garante.
O convite para ser embaixadora chegou sem pompa. Um reencontro simples com uma organização à qual começou a doar roupa apontou o caminho. Depois, uma fotografia de meninas em Cabo Verde, vestidas com roupas suas, tocou-lhe o coração. "Achei maravilhoso".
O que parecia um gesto pontual ganhou forma com o tempo - e sentido, quando soube da realidade da pobreza menstrual em Portugal. "Fiquei muito chocada", confessa. "Para mim, era uma coisa garantida. Afinal, não".
A indignação transformou-se em ação e, com a sua agência, surgiu a proposta de dar o rosto e voz à missão da ONG, com doações de máquinas de costura, pensos higiénicos reutilizáveis, assim como material escolar e de basquetebol.
Ainda sem datas marcadas, o plano inclui pôr os pés no terreno, visitar Cabo Verde, envolver-se mais. "Há muito tempo que desejava fazer voluntariado", diz com a calma de quem está finalmente a alinhar o coração com os passos.
Artista versátil
Ao mesmo tempo, os ecrãs continuam a chamar por ela. Entre "Senhora do mar" (que terminou recentemente na SIC), "O clube" (OPTO SIC) e a série "Algodão a frio" (RTP), a versatilidade tem sido palavra de ordem. "Prefiro sempre personagens diferentes", afirma. "Foi um dos meus grandes objetivos enquanto atriz". E talvez por isso, sente que os projetos mais marcantes até agora - o filme "Bem bom" e a série "Doce", no papel de Laura Diogo - foram também os que mais a transformaram. "Foi um presente doce", diz, sublinhando que percebeu "que era isto que queria fazer para o resto da vida".
Não é uma revelação qualquer. É uma epifania com quase duas décadas a representar. "Nunca fiz muito teatro, nunca tinha entrado assim tão a fundo numa personagem". E foi essa maturidade - que diz ter vindo com o tempo e com a maternidade - que lhe deu outra visão.
Hoje, é ela quem acompanha o filho, Vasco, nas suas descobertas. Com quase nove anos, está a aproximar-se da idade em que a mãe começou a representar. "Ele sabe perfeitamente", diz. E embora tenha feito um pequeno papel ao seu lado, em "O clube", por agora, prefere o futebol. "Ele é mais envergonhado do que eu era", reconhece a atriz. Partilham viagens, jantares e uma tradição especial: todos os meses, vão juntos experimentar um restaurante novo, e já houve quem os confundisse com irmãos.
Atualmente, pode ser vista na nova novela da SIC, "Vitória", enquanto alimenta a vontade "de fazer mais teatro". "Se surgir a oportunidade, adoraria experimentar mais este ano", conclui, pronta para outros desafios.