Numa altura em que enfrenta uma segunda queixa por agressão sexual, o ator franco-russo Gérard Depardieu, de 74 anos, surge em imagens comprometedoras captadas durante a viagem que fez à Coreia do Norte em 2018, com comentários impróprios direcionados a mulheres, entre as quais está uma menor.
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Seis anos depois do movimento #MeToo ter-se tornado viral, trazendo a público vários comportamentos abusivos no mundo artístico, Gérard Depardieu volta ao centro da polémica.
Investigado desde 2020 pelo Ministério Público francês por suspeitas de violação à atriz Charlotte Arnould, o ator franco-russo, de 74 anos, enfrenta nova acusação de agressão sexual da atriz Hélène Darras, que avançou com a ação em setembro.
Os factos terão ocorrido em 2008, quando ela tinha 26 anos, na rodagem do filme “Nos Embalos da Disco”, de Fabien Onteniente. Depardieu “colocou as mãos no meu quadril, nas minhas nádegas (…) e disse-me claramente: quer vir ao meu camarim?”, contou.
Um dia após a denúncia ter sido formalizada, na passada quinta-feira, o intérprete de “Obélix” voltou a destacar-se pelos piores motivos no programa “Complément d’enquête” da França 2, que o mostrou a assediar mulheres na reportagem “Gérard Depardieu: La Chute de L’Ogre (“A Queda do Ogre”).
As imagens reportam à viagem que fez à Coreia do Norte em 2018, durante as comemorações do 70.º aniversário do regime comunista, para um documentário que nunca foi concluído.
Durante a reportagem, o ator repete comentários sexistas e obscenos, inclusive em relação à intérprete que o acompanhou, que, incomodada, sempre tentou desviar a conversa.
“Geralmente, não gosto de ser notada" defendeu, o que não demoveu Gérard Depardieu. “Eu, que sou um grande caçador, vou sempre ver o que não quer ser visto”, insistiu ele.
Também uma menina de 10 anos é alvo das considerações misóginas do artista, que não se cansou de fazer alusões sexuais por onde passou, sempre que tinha mulheres à frente.
A dada altura, subiu a uma balança para se pesar, com a intérprete entalada contra uma parede. “124 (kg), querida, e não estou em ereção. Em ereção, 126”, afirmou, antes de dizer que ia aproveitar que era fotografado para “tocar no rabo” da jovem.
O canal de televisão francês ouviu outras alegadas vítimas de Depardieu e alguns agentes da indústria cinematográfica acabaram por admitir que “havia uma tolerância” em relação ao seu comportamento e que “isso foi um erro”. “Somos todos um pouco culpados”, reconheceu Marc Missonnier, presidente do sindicato dos produtores de cinema da França.
Gerard continua a negar todas as acusações, que incluem mais 13 mulheres que se dizem vítimas de assédio sexual nas filmagens de diversos filmes, entre 2004 e 2022.
Em outubro, numa carta aberta publicada no jornal “Le Figaro”, o ator reagiu contra o que classificou como “linchamento”. “Jamais abusei de uma mulher”, escreveu, sublinhando que “magoar uma mulher é como dar um pontapé no estômago” da própria mãe.
Em consequência das denúncias, Depardieu foi afastado da divulgação do filme “Umami” e também se viu forçado a recusar a dobragem num filme animado de Michel Hazanavicius, ainda sem qualquer sentença transitada em julgado.