Insegurança e ansiedade: atriz brasileira Bruna Marquezine e cantora colombiana Shakira estão entre as famosas que sofrem de Síndrome do Impostor.
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Aplaudidas por legiões de fãs ou com milhares de seguidores nas redes sociais, são muitas as famosas que colocam em causa o próprio mérito, devido à Síndrome do Impostor.
A cantora Adele assumiu-o há dois anos, quando acusou “pavor” ao aceitar ser cabeça de cartaz do festival de Glastonbury, no Reino Unido, mesmo com créditos há muito firmados. “Eu tenho a Síndrome do Impostor”, justificou a artista britânica, apontando para um distúrbio que atinge cada vez mais pessoas, conhecidas ou anónimas, de ambos os sexos.
Nas suas consultas, a psicóloga Ana Oliveira nota que, “nos últimos anos, muitas pessoas questionam-me sobre a tão falada síndrome do impostor”. “Estas pessoas duvidam das suas habilidades e capacidades, receando que os outros as considerem uma fraude”, explica, acrescentando que, no caso dos famosos, “apesar do sucesso ser evidente, estes são incapazes de acreditar nas suas conquistas”.
Em fevereiro, numa entrevista, a cantora colombiana Shakira falou do problema que a impede de reconhecer o êxito da sua trajetória. “Ainda não acredito nisso, não acredito que sou tão capaz ou tão habilidosa, criativa, inteligente ou talentosa como dizem que sou. Talvez essa pequena patologia me mantenha motivada, a querer descobrir quem sou e o que posso dar”, confessou a cantora de “El jefe”.
“Não sou boa o suficiente”
Ana Oliveira sublinha que a síndrome “está habitualmente relacionada ao perfeccionismo, o que leva a uma sensação de limitação constante, devido aos elevados padrões de exigência da própria pessoa, que se compara constantemente com os outros”. O medo de fracassar desperta a ansiedade.
Recentemente, a influenciadora Ana Garcia Martins, conhecida como A Pipoca mais Doce”, admitiu este tipo de sentimentos. “Acho sempre que estou aquém, que não sou boa o suficiente para nada e que há quem faça melhor do que eu”, partilhou em conversa com Daniel Oliveira, no programa “Alta definição” (SIC).
É importante falar
A atriz e modelo brasileira Bruna Marquezine vive igualmente em “constante auto boicote”. “Apesar de ser leonina, muitas vezes sou um gatinho abandonado de beira de estrada. É um desafio aceitar que tenho mérito, ao mesmo tempo que ouço a voz da Síndrome do Impostor”, confidenciou.
A psicóloga Ana Oliveira considera que o facto de figuras públicas falarem abertamente do assunto “pode trazer vários benefícios, principalmente para tornar os sentimentos mais ‘normais’”.
“Quando pessoas que são consideradas influentes partilham as suas experiências, identificámo-nos e sentimos que não estamos sozinhos a lidar com um problema que nem sempre é bem compreendido pelos outros”. Ana Oliveira considera ainda que “incentiva ao diálogo sobre questões de saúde mental, tão importante nos dias que correm”, concluiu.