São jovens e atuam em várias frentes e coletivos ao mesmo tempo. Pela justiça climática, pelos direitos LGBT, no combate ao racismo, no apoio a imigrantes, por habitação acessível. Não conseguem dissociar as lutas, estão todas ligadas. E têm uma capacidade de mobilização e organização como nunca.
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Não é difícil para Lou Loução perceber de onde vêm as ganas da luta, o inconformismo com o Mundo, a revolta de quem cresceu num mar de crises. “Eu era uma criança negra, pobre, criada por uma mãe solteira, a vê-la sofrer muito com a precariedade e com a crise (de 2008), e isso afetou-me.” Toda a vida sofreu de racismo, foi vítima de bullying nos tempos da escola, não só pela sua cor, também por ser “mais gorda” e até pelas questões de género. De tantos dedos apontados, forçou-se a questionar. “Nasci rapaz, mas nunca fui um rapaz típico, nunca estive dentro dos padrões, e as pessoas apontavam-me coisas sobre as quais eu própria nunca tinha refletido.” Atravessou o deserto de se descobrir, assume-se hoje como uma pessoa não-binária, usa pronomes femininos. Lou tem 21 anos, é ativista e uma história agarrada à pele que é o embrião de tudo o resto. “Tudo isto me fez procurar lutar contra a discriminação e envolvi-me em várias frentes, porque todas as lutas estão interligadas. Eu sou o reflexo disso, de como as coisas não são dissociáveis. Sou uma pessoa LGBT, racializada, pobre, não consigo dissociar as causas.”