Ana Hickmann, Keke Palmer ou Merche Romero: atrizes e apresentadoras assumem-se vítimas. Zulmira Garrido conta caso antigo de agressão.
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A apresentadora brasileira Ana Hickmann está entre os casos mais recentes de violência doméstica no mundo das celebridades. Denunciou o marido, Alexandre Correa, a 11 de novembro. Mas Correa contra-atacou, dizendo ser ele a verdadeira vítima.
Testemunhos mediáticos motivam sempre outras queixas ou avivam a memória de quem sofre na pele o crime público. Também em novembro, a atriz norte-americana de “Nope” Keke Palmer revelou ter sofrido violência doméstica durante dois anos, na relação com o ator Darius Jackson, de quem se separou no verão. Além de ter pedido a custódia exclusiva do filho Leodis, de 8 meses, requereu uma ordem de restrição ao tribunal de Los Angeles, EUA. Posteriormente, o ex processou-a por “abuso”.
“Eles são todos iguais, invertem totalmente as coisas, fazem a m*rda e nós é que somos culpadas por acabar com a vida deles”, partilhou Preta Gil, há pouco mais de um mês, no Instagram, referindo-se ao caso de Ana Hickmann. A cantora brasileira foi abandonada quando lutava contra o cancro, e descobriu depois que o então marido, Rodrigo Godoy, a traía há sete meses com a “personal trainer”.
“Só queria estar sozinha”
Por cá, várias famosas viveram também relacionamentos abusivos, alguns com muitos anos, mas que provam que ninguém está livre. Recentemente, Zulmira Garrido, ex-mulher do treinador Jesualdo Ferreira, relatou o que viveu durante um namoro antigo.
“Antes de casar tive um namorado, e sofri de violência doméstica. Nunca disse nada a ninguém, nem nunca me lamentei”, contou, admitindo que “era tonta” por aturar “aquilo”. “Marcou-me para sempre, mas era nova, muito nova. Na altura, até achei que aquilo era tudo normal, um amor tão grande, uma obsessão tão grande”, acrescentou.
A pandemia foi o gatilho para muitos casos, como o de Merche Romero que, a propósito da campanha contra abusos no namoro, sem nunca revelar nomes, recuou até ao dia em que saiu “de casa com a roupa que tinha no corpo” e foi “para o meio de um descampado”. “Só queria estar sozinha, perceber o que se estava a passar. Por acaso, não fui eu que chamei a polícia na altura, porque os vizinhos ouviram, foi crime público e foram à minha procura”, disse. A apresentadora reconheceu que “o medo faz com que a gente não fale”, e que é importante acreditar que se tem ajuda.
Queixas aumentam
Em Portugal, o número de queixas tem vindo a aumentar, o que pode indiciar uma maior consciência sobre o que é abuso e como se pode denunciar.
No entanto, até setembro já tinham morrido 18 pessoas vítimas de violência doméstica - e o ano ainda não acabou, ou seja, ainda há muito a mudar na sociedade.