Rosalía, Anitta e Taylor Swift estão entre as estrelas internacionais que viram a sua imagem em falsos conteúdos pornográficos. Anónimos também não escapam
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Com a ascensão da Inteligência Artificial (AI), quando se discute a necessidade de preservar o equilíbrio entre o desenvolvimento do potencial humano e a preservação da identidade individual e da liberdade de escolha, são muitas as celebridades vítimas de imagens comprometedoras falsas.
Cada vez são mais as atrizes e cantoras a verem a sua imagem em falsos conteúdos pornográficos postos a circular nas mais diversas plataformas.
Em maio, após ver uma fotografia sua manipulada e partilhada pelo cantor JC Reyes, Rosalía veio a público defender-se. Para a cantora catalã, “o corpo de uma mulher não é propriedade pública, não é uma mercadoria para a sua estratégia de marketing”. “Essas fotos estavam editadas e criaste uma falsa narrativa à sua volta quando nem te conheço. Existe uma coisa chamada consentimento e todos vocês que acharam isso engraçado ou plausível, espero sinceramente que um dia vocês aprendam o que veem de uma mulher, que as mulheres são sagradas e que devemos ser respeitadas”, acrescentou a artista.
Investigadora da Universidade da Pensilvânia, Sophie Maddocks estuda exatamente abusos sexuais com base em imagens e reconhece que “o aumento da pornografia gerada com IA e da pornografia ‘deepfake’ normaliza o uso da imagem de uma mulher sem consentimento”. Perante isto, “que mensagem enviamos à sociedade sobre o consentimento quando se pode despir virtualmente qualquer mulher?”, questionou, em declarações à AFP, abrindo espaço à reflexão sobre um tema multidisciplinar e sem controlo.
A internet é assustadora
Numa pesquisa na internet, facilmente se encontram sites para adultos com imagens alteradas e rostos de famosos, como as atrizes Scarlett Johansson e Emma Watson, que chegou a ver um vídeo seu de natureza erótica viralizar no Twitter (agora X). A par de carreiras de sucesso, as cantoras Anitta e Taylor Swift não escapam igualmente ao lado perverso da criatividade tecnológica e aos “deepfakes”. Um fenómeno que também atinge homens conhecidos do grande público, como o ator da série “Elite” Manu Rios, que, me junho, foi surpreendido com um pequeno filme íntimo a circular com a sua cara. “Esse vídeo é falso… a internet pode ser assustadora e estranha às vezes”, acusou.
A maioria das aplicações são gratuitas e de fácil uso, o que torna a fraude acessível a qualquer um. As celebridades femininas são o alvo mais apetecível, mas mulheres anónimas não estão imunes ao “ataque”, ainda mais quando a inovação não está suficientemente regulada.
Recentemente, o FBI alertou para “esquemas de extorsão”, em que fotos e vídeos de redes sociais são usados para criar material falso de “temática sexual”, depois usado para chantagear os donos dos perfis em causa.