Numa entrevista a ser transmitida esta terça-feira à noite, Bianca Gascoigne, de 37 anos, recorda os tempos em que trabalhou nos armazéns Harrods, em Londres. A filha do antigo internacional inglês Paul Gascoigne diz que também foi vítima de abusos sexuais por parte do patrão, o falecido magnata Mohamed Al-Fayed.
Corpo do artigo
O documentário da BBC “Al-Fayed: Predator at Harrods” revelou denúncias de diferentes mulheres contra o empresário egípcio Mohamed Al-Fayed, antigo dono dos armazéns Harrods, por violação e outros abusos sexuais. O magnata faleceu em 2023, aos 94 anos, mas continua a somar queixas contra ele, por abusos sexuais.
No programa “The UK Tonight With Sarah-Jane Mee'”, esta terça-feira, às 20 horas, na Sky News, a modelo britânica Bianca Gascoigne, recordará o que viveu quando trabalhou para Al-Fayed na sua loja.
No excerto divulgado, a filha do antigo internacional de futebol inglês Paul Gascoigne conta que visitou o espaço em Knightsbridge, em Londres, em criança, com os pais, e achou o dono “encantador”, o que a fez sentir “segura” quando, mais tarde, foi trabalhar para a Harrods.
Tinha 16 anos e passou a conviver de perto com o Al-Fayed que, sem consentimento, passou a apalpá-la, obrigando a beijá-lo, tornando-a “presa e assustada”.
Bianca recua ainda até à noite em que estava alojada num apartamento que o empresário disponibilizou-lhe antes de uma viagem, quando ele apareceu sem avisar. “Simplesmente não sabia o que fazer, ele entrou e sentou-se no sofá… Ele puxou as suas partes íntimas, agarrou as minhas mãos e tentou colocá-las nas suas partes. Quando isso não funcionou, ele tentou forçar a minha cabeça no seu colo. Não sei como, mas consegui escapar”, afirma, na entrevista que vai para o ar.
Aos 37 anos, a modelo diz que não contou a ninguém por vergonha e medo de perder o trabalho, pois era o seu “sonho”. “Agora olho para trás e sinto muita pena de mim mesma aos 16 anos, e gostaria de poder protegê-la”, confessa
“Esses predadores não possam escapar impunes”
O facto de ser mãe e ter visto outras vítimas a contarem o que passaram fez com que quebrasse o silêncio, para “defender as mulheres”. “Espero poder fazer algum tipo de mudança para que no futuro a minha filha não tenha que passar por algo assim… Esses predadores não possam escapar impunes”, sublinha.
Atualmente são mais de 250 mulheres que alegam ter sido vítimas de abuso sexual por parte Al Fayed, o pai de Dodi, namorado da princesa Diana, e estão incluídas no processo de indemnização da empresa. As alegações destacam que ele usava do seu poder para atrair e atacar mulheres jovens.
Os proprietários dos famosos armazéns londrinos garantem que já “resolveram uma série de queixas diretamente com as mulheres desde o ano passado”, adianta o “The Guardian”. Ou seja, as compensações começaram antes da estreia do documentário.
No sábado, a Scotland Yard declarou que avança com uma revisão “detalhada e completa” do caso. No entanto, as autoridades já alertaram que não podem condenar uma pessoa morta.