As tatuagens na pele inspiram Filipa Martins a lutar pelos sonhos. Este domingo, nos Jogos Olímpicos, em Paris, a ginasta portuense tornou-se a primeira portuguesa de sempre a apurar-se para a final do all-around com um “Yurchenko com dupla pirueta”, após dois anos duros de treinos.
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“Ainda sem palavras”, Filipa Martins agradeceu “a todos o apoio” durante todo o percurso até atingir a final do all-around, este domingo, nos Jogos Olímpicos. “Foi duro, mas vocês ajudaram a torná-lo mais suave”, partilhou a ginasta portuguesa, de 28 anos.
Na competição que reúne salto, trave, barras assimétricas e solo, a atleta deu um salto que, como revelou, treina “desde 2014 ou 2015”. Foi com medo, mas também com audácia e atingiu o marco histórico de se tornar a primeira portuguesa de sempre a apurar-se para a final olímpica.
O “Yurchenko com dupla pirueta” valeu-lhe 53.166 pontos. Filipa terminou entre as 24 melhores, com a norte-americana Simone Biles em primeiro, alcançando o objetivo com que partiu para Paris, determinada em “aproveitar ao máximo” a participação.
Nos últimos dois anos, as lesões quebraram-na psicologicamente, mas também a ensinaram a ressignificar. “Há uma altura em que já não conta tanto chagarmos longe a nível de resultados, mas sim aproveitarmos mais o processo das competições. E colocando menos expectativas e pressões sobre nós, acaba por correr um bocadinho melhor”, afirmou, em entrevista à revista Caras.
Mais leve e a sorrir, amadurecida pela experiência e pela idade, na Arena Bercy, com os olhares do mundo sobre si, Filipa Martins foi elástica, oito anos após ter garantido o 37.º lugar na classificação geral individual nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Em 2021, também representou Portugal em Tóquio.
“Live your dreams” (“Vive os teus sonhos”) lê-se numa das tatuagens marcadas na sua pele e que a inspiram a ir em frente, crente que “não há impossíveis quando lutamos pelos nossos sonhos”.
A par da competição, a ginasta do Acro Clube da Maia licenciou-se em Ciências do Desporto na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) e está a concluir o mestrado em Alto Rendimento, para se tornar treinadora.
Em Paris, a par do café que consome antes de treinos e provas, Filipa conta com um grande suporte: a presença do namorado, que é treinador de ginástica acrobática. O casal vive uma relação discreta há quatro anos.