Ator tem no desporto um aliado em prol da saúde mental, nas pausas da representação. Pai de uma menina de quase três anos, sente que as responsabilidades são agora maiores.
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Aos 26 anos, Guilherme Moura já brindou o público com papéis distintos que espelham a sua versatilidade. Atualmente, o ator agrega outra paixão, descobrindo nela um escape entre as nuvens do quotidiano.
O intérprete começou a praticar escalada “numa fase em que estava com mais tempo”. “Decidi que não ia ficar em casa parado”, recorda, notando “uma relação um bocado estranha com o desporto”. Isto “porque fui ginasta durante muitos anos. Mas fartei-me e desisti. Entretanto, todos os desportos que decidia duravam para aí uma semana, um mês, até que experimentei a escalada”, conta.
Ficou “viciado”, sempre “com vontade de voltar para evoluir”. A maior aventura “foi perder o medo das alturas e deixar de ficar nervoso”. Quanto mais sobe, “a mente deixa de se preocupar tanto com a altura, mas sim com o esforço e a posição das mãos e dos pés”, admite Guilherme. Acaba por sentir-se melhor em relação às ansiedades, o que encara como uma mais-valia. “É muito importante cuidar da nossa saúde mental e conseguirmos distrair a nossa cabeça para voltar a ganhar espaço, para poder pensar à vontade e relaxar. E não ver só o mal em que sentimos que estamos a viver”, admite.
O desporto e a família
Nas horas que dedica à escalada, o artista afasta “maus pensamentos”, até por acusar “sempre um medo exagerado de que as coisas possam não continuar a correr bem”. “As pessoas deixam-se cair muito no desconforto e é difícil sair de lá. E quando conseguimos olhar de fora para o que nos está a acontecer, às vezes, conseguimos encontrar uma pequena saída, uma pequena alternativa que nos possa ajudar a crescer e a ver as coisas de uma forma mais positiva”, define. Para ele, “a escalada ajuda na autoestima”, consciente das quebras de confiança que o atingem.
Na equação, entra a importância da família, mesmo que a paternidade lhe aumente o medo. “Com uma filha [Matilda, de quase três anos], as minhas responsabilidades são muito grandes. A vida muda e o objetivo passa a ser a minha filha”, confessa. A menina é fruto da relação com a atriz Bruna Quintas e “sai aos dois”. “É a carinha do pai”, atira Guilherme, reconhecendo-lhe “o feitio da mãe”
Vontade de atravessar fronteiras
“Sangue oculto”, na SIC, foi a última novela que fez, entre 2022/23, dividindo-se ultimamente entre séries e o teatro, com estreia prevista para este ano. Foi como ginasta que, segundo conta, despertou para o mundo da representação: “Aos 12, o encenador John Romão foi ao meu clube porque precisava de um ginasta para um espetáculo, ‘O arco da histeria’. Fui escolhido e fiquei muito interessado. Depois fiz o Secundário e a licenciatura em Teatro”. Lançado nos palcos, não tardaram as oportunidades no cinema e, um pouco mais tarde, na televisão, onde debutou, em 2019, como Bernardo Blanco, na novela “Nazaré” (SIC), um jovem autista que despertou consciências. Somam-se as dobragens e o desejo de atravessar fronteiras “em termos de concretização pessoal, por sentir que os projetos internacionais são maiores em termos de apoio, financiamento, o que dá vontade de viver essas experiências”.