Entre sátiras, processos e espetáculos cancelados, cresce o número de humoristas visados por processos judiciais em Portugal, mas também além-fronteiras. Por cá, Joana Marques está a ser julgada. No Brasil, Léo Lins apanhou mais de oito anos de prisão.
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Joana Marques está a ser julgada por difamação devido a uma sátira ao hino nacional interpretado pelos irmãos Rosado, numa polémica que remonta a 2022. Enfrenta um pedido de indemnização superior a um milhão de euros, reacendendo o debate sobre os limites do humor em Portugal.
Em 2019, David Carreira processou Diogo Batáguas após uma piada que o visava, referindo-se a uma suposta ‘gastrosemeneolite’ – termo inventado para provocar. Apesar de a ação não avançar, Batáguas inspirou-se no caso para o espetáculo “Processo” (2022).
Guilherme Duarte foi alvo, em 2023, de diligências do Ministério Público devido a uma paródia feita em 2020 a uma campanha religiosa, após queixa de um deputado do Chega. O tribunal considerou nulas as acusações, mas o caso revela as pressões legais sofridas pelos comediantes.
Pena pesada no Brasil
No início de 2024, uma espectadora queixou-se de ter sido insultada por Rui Sinel de Cordes num espetáculo em Lisboa, o que levou ao cancelamento de um espetáculo no Porto. O protagonista pediu desculpa, reconhecendo “falhanços e erros”. Em 2010, a ERC já tinha instaurado um processo contra o seu programa de Natal por conteúdos polémicos.
Enquanto isso, no Brasil, este mês, Léo Lins foi condenado a oito anos de prisão por piadas consideradas discriminatórias contra vários grupos sociais. A defesa recorreu da decisão, alegando censura e ameaça à liberdade de expressão.
Entre processos, críticas e polémicas, os humoristas testam os limites da liberdade de expressão, numa linha ténue entre comédia e controvérsia.