A jornalista e escritora espanhola Ruth Baza avançou com uma denúncia contra o ator franco-russo Gérard Depardieu por violação, por factos ocorridos em Paris em 1995. A alegada vítima apresentou queixa na passada quinta-feira.
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Gérard Depardieu, de 74 anos, continua a somar polémicas e denúncias, desta vez por parte da jornalista e escritora espanhola Ruth Baza, de 51 anos, que o acusa de abuso sexual durante uma entrevista que lhe fez, a 12 de outubro de 1995, para a revista “Cinemania”, em Paris.
Tinha 23 anos na altura e descreve o ocorrido como uma “intrusão sem o seu consentimento a nenhuma altura”. Recorda ainda que se sentiu “paralisada” com a atitude do protagonista de “Cyrano de Bergerac” e “Danton”, nos escritórios da antiga produtora Roissy Films.
Ruth Baza confirmou à AFP que apresentou queixa na polícia espanhola na passada quinta-feira. Primeiro declarou-se vítima de “assédio sexual”, mas depois percebeu que foi violação, através da interpretação das autoridades.
“Quando começamos a entrevista, estávamos os dois em pé e, não sei como, de repente ele abraçou-me. Ele começou a beijar todo o meu rosto. Beijou-me na boca e eu não conseguia mexer-me”, recordou, em declarações à agência noticiosa.
“Ele tocou o meu corpo e tocou o interior das minhas pernas e eu não conseguia mexer-me. Não conseguia mexer-me, e ele beijava-me, beijava-me”, acrescentou.
A jornalista diz que se tinha esquecido “completamente” do que aconteceu até ler a investigação publicada em abril pelo site Mediapart, com 13 novos testemunhos contra Depardieu. Memória avivada, decidiu avançar com a denúncia para “ajudar outras pessoas” a fazerem o mesmo.
Em dezembro de 2020, Depardieu foi formalmente acusado de ter violado e agredido sexualmente a atriz Charlotte Arnould, despertando outras queixas. Este ano, em setembro, a atriz Hélène Darras também o denunciou por uma agressão sexual sofrida em 2007.
Acrescida a exibição de um documentário bastante comprometedor na France 2, esta semana, o museu de cera de Paris removeu a estátua do ator. Dias antes, após considerar que o comportamento de Depardieu “constrange” a França, a ministra da Cultura do país, Rima Abdul Malak, adiantou a possibilidade retirar a Legião de Honra, a mais alta distinção francesa.
Em reação, a família defendeu o artista, por meio de uma coluna publicada no “Le Journal du Dimanche”, declarando que ele está a alvo de uma “conspiração sem precedentes” e é vítima de uma “manipulação monstruosa”. Contudo, reconhece-se chocada com as palavras obscenas reveladas no documentário.