Karla Sofía Gascón fala da polémica anterior aos Oscars: "Senti-me como na Inquisição"
O filme "Emilia Pérez" era um dos favoritos aos Oscars, mas a polémica com a divulgação de mensagens racistas antigas da protagonista manchou a promoção do trabalho, levando ao afastamento de Karla Sofía Gascón, que também estava nomeada. Esta semana, a atriz assumiu-se vítima de "um mundo dominado pelas redes sociais.
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"Eu era a favorita para ganhar o Oscar", afirmou Karla Sofía Gascón, esta semana, no programa "El Hormiguero", na Antena 3, em Espanha, onde esteve para responder às criticas, a pretexto da promoção do seu livro de memórias, "Lo que queda de mí" ("O que resta de mim").
Em conversa com Pablo Motos, a atriz comentou o "cancelamento" que sofreu durante a campanha para os Oscars do filme "Emilia Pérez", que protagonizou e pelo qual também estava nomeada. Recorde-se que a Netflix a afastou depois de serem partilhadas nas redes sociais algumas mensagens com teor xenófobo e racista antigas que tinha publicado. A polémica refletiu-se na vida profissional e também na vida pessoal.
"Estávamos a ir muito bem, estávamos a ir fenomenalmente porque para mim fizemos um filme maravilhoso, com atuações incríveis. Foram três anos da minha vida dedicados a esse projeto maravilhoso, e havia quem quisesse destruir esse filme, e para destruir esse filme tiveram que me destruir. Pessoas transfóbicas uniram forças com pessoas de extrema-direita que não suportam pessoas trans”, confessou Karla, que se tornou a primeira artista abertamente transgénero a ser nomeada para um Oscar.
Para Gascón, "a fome e a vontade de comer juntaram-se, e tudo isso levou a sermos atacados por todos os lados. Todos nós fomos vítimas de um sistema de redes sociais, de ódio, de inveja, de muitas coisas que procuravam minar o nosso trabalho. Chamar-me de racista parece-me absurdo, é uma estupidez que não cabe na cabeça de ninguém”, acrescentou.
A artista defendeu ainda que as mensagens que geraram a controvérsia foram descontextualizadas: "Vivemos num mundo dominado pelas redes sociais. Temos um problema muito sério, e acho que estamos a ser controlados por essas técnicas. As redes sociais não são sobre pessoas reais; são uma enxurrada constante de coisas que não interessam a ninguém".
Foram tempos difíceis que levaram Karla Sofía Gascón a equacionar a própria existência, admite. “Chorei muito, passei por momentos muito maus. Senti-me como se estivesse na Inquisição. A caminhar ao longo do (Rio) Sena com as lágrimas nos olhos, realmente pensei que talvez fosse uma coisa boa desaparecer. Há momentos na vida em que dizes: 'Porque estou neste mundo?", partilhou.
Numa entrevista recente à "Variety", Ted Sarandos, o presidente executivo da Netflix, garantiu que voltaria a trabalhar com Karla, mesmo que a relação tenha estremecido com a polémica. Isto porque "tem de se ter alguma graciosidade quando as pessoas cometem erros, e nós temos", justificou.