À beira dos 80 anos, a atriz não cala a revolta com o fim antecipado de trama, na SIC. O diretor de Programas, Daniel Oliveira, justifica a conclusão do projeto com falta de audiências.
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Márcia Breia mostra-se triste e desiludida com o final antecipado da novela “Papel Principal”, da SIC. As baixas audiências justificaram o fim prematuro do projeto, que só devia acabar de gravar em fevereiro do próximo ano.
“Não só estou triste, como achei que não foi elegante a maneira como o fizeram. Eu soube por e-mail”, diz a atriz, de 79 anos, ao JN, à margem da Gala dos Sonhos, da Associação Sara Carreira, sem esconder o bom humor: “Ainda por cima sou uma abécula com o telemóvel e foi uma alegria ter percebido o que estava escrito, senão a esta hora ainda estava a pensar que estava na novela!”.
Márcia Breia lamenta o fim da trama e acha que a decisão “foi precipitada”, porque “as audiências estavam a subir”.
A atriz encontra outra justificação para o encerramento do projeto: “Está a produzir-se tudo em série: acaba a ‘flor do mal’ vem a ‘flor do bem’, acaba a ‘flor de lotus’ vem o ‘cato’… esta novela era feita com outro intuito e muitas coisas tinham piada”, acrescenta.
Rombo nas finanças pessoais
Márcia Breia acaba de gravar a sua "Fernanda Peixoto" esta quarta-feira. “É sempre difícil. Uma pessoa, quando chega à minha idade, aos 79 anos, tudo é despedida e desta vez tenho muita pena. Foi uma equipa fantástica, câmaras, o guarda-roupa, tratavam me como se fosse a avozinha deles!”.
A atriz admite ainda que terá um rombo nas finanças pessoais. “Uma pessoa está a pensar receber o seu contrato até fevereiro e, de repente, dizem-lhe que afinal vai passar o Natal com as filhoses, é um bocadinho custoso. Não me posso queixar muito até agora, mas é muito difícil e há ali muita gente com crianças pequenas”, alerta.
Depois da novela, Márcia Breia vai continuar a gravar um filme que deixou a meio e não se queixa de falta de trabalho. Mas deixa um reparo: “Quando ficamos mais velhos ninguém liga muito, o que é preciso é outro tipo de juventude.”
A defesa do diretor
Daniel Oliveira, diretor de programas da SIC, justificou ao JN o fim antecipado de “Papel Principal”, à margem da festa de dez anos da SIC Caras. “Quem decide está sempre a correr riscos. Queremos chegar a um universo vasto e, às vezes, chegamos de outra forma, ou não chegamos. Temos de ter a humildade, em cada momento, de perceber os sinais que o público nos dá”, admitiu.
“A qualidade artística está lá, houve interpretações extraordinárias e um ótimo produto. Pensámos que poderia ter perto de 300 episódios e agora tomámos a opção de que não terá tantos, é tão válido quando acrescentamos meses às produções”, acrescenta.
Mas o que correu mal? “A novela chega de forma díspar a diferentes públicos, o comportamento não é igual. Há um horário de 'prime time' no qual as pessoas têm muitas opções: os públicos que ficam disponíveis para a televisão generalista têm especificidade que temos de prever. O ‘Papel Principal’ chega a determinados públicos e noutros precisamos de outras soluções”.