Cantor deixou 26 mil euros no banco e terá gastado meio milhão em tratamentos antes de morrer. Herdeiros não se entendem.
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A Autoridade Tributária está a investigar há meses as contas da herança de Marco Paulo, pretendendo apurar por que razão o cantor só teria 26 mil euros na conta bancária, em vez das muitas centenas de milhares de euros que constituíam o seu património. Aquele valor está depositado numa conta conjunta com o compadre Toni, que é um dos seus três herdeiros.
Esta alegada situação de quase penúria contrasta com as primeiras notícias, segundo as quais Marco Paulo teria mais de meio milhão de euros no banco, e ainda vários automóveis topo de gama, um iate, uma mansão em Miami e um apartamento em Paris, além das propriedades em Portugal.
O cantor morreu a 24 de outubro de 2024, com 79 anos, vítima de doenças cancerígenas. No testamento designou apenas três herdeiros: o afilhado Marquinho (que receberá 45% da herança total), o bombeiro bracarense Eduardo "Dudu" Ferreira (10%) e Toni (45%).
Herdeiros às avessas
Aparentemente, Marco Paulo só detinha, que se saiba, uma quinta em Sintra, uma moradia na Quarteira e um apartamento em Sesimbra, avaliados ainda a título provisório em cerca de sete milhões de euros.
Enquanto isso, os três herdeiros não estarão a entender-se nesta fase da inventariação da herança, cujo processo já vai em quatro meses e parece estar longe de terminar.
Passar tudo à lupa
O impulso para a investigação preliminar das Finanças, segundo apurou o JN, é habitual nestes casos, ainda mais tratando-se de uma figura pública como era Marco Paulo, dando lugar a "uma investigação de rotina".
Alegadamente, a Autoridade Tributária depara-se com muitos casos de avultados montantes que são apressadamente levantados das contas bancárias para evitar pagar os 10% devidos pelo imposto de selo, o antigo imposto sucessório, daí a intervenção das Finanças "a título preventivo".
No caso concreto, as explicações informais que têm sido dadas por fontes ligadas ao processo de inventariação da herança, prendem-se com o facto de Marco Paulo ter gasto cerca de meio milhão de euros com tratamentos das doenças cancerígenas em clínicas privadas.
A Autoridade Tributária, além da sua componente do foro fiscal, é simultaneamente um órgão de polícia criminal, como são a PJ, a GNR e a PSP - isto é, se tiver indícios, tem o poder de desencadear investigações de ordem criminal, dando disso posterior conhecimento ao Ministério Público.
Conta com 59 euros
Entretanto, uma segunda conta bancária de Marco Paulo só teria um saldo de 59 euros, o que adensou as dúvidas da parte dos herdeiros, que têm contactado entre si através das advogadas - Luísa Santos representa Toni e Marquinho e Joana da Costa Ferreira representa Dudu.
Enquanto decorrem diligências entre as duas causídicas, Dudu, que trabalha nos Bombeiros Sapadores de Braga, continua de baixa médica, situação que deverá manter até aos primeiros dias de março, apurou o JN.