Além de aceitar mulheres casadas, divorciadas, grávidas e mães, a competição mundial de beleza recebe este ano duas mulheres transgénero. E entre elas está a portuguesa.
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Marina Machete, de 28 anos, fez história ao tornar-se a primeira mulher transgénero a vencer o concurso Miss Portugal. Conquistado o título, a modelo e assistente de bordo vai representar o nosso país no concurso Miss Universo 2023, que se realizará a 18 de novembro, em El Salvador.
Dias antes da final, nas redes sociais, a também Miss Palmela, de Setúbal, de onde é natural, manifestou-se orgulhosa por “ser a primeira mulher trans a competir para o título de Miss Universo Portugal”. “Durante vários anos não me foi possível participar e hoje orgulho-me de fazer parte deste incrível grupo de finalistas”, acrescentou, sem imaginar que iria agarrar a coroa e o passaporte para o certame mundial.
Na passagem do testemunho, Telma Madeira, a antecessora, que ficou no top 16 em 2022, assinalou “o fechar de um ciclo”: “Ciclo esse que definiu a mulher que sou hoje”, disse.
Com a portuguesa, a edição deste ano do Miss Universo terá pelo menos duas mulheres trans em competição. Em julho, Rikkie Valerie Kollé, de 22 anos, marcou a diferença ao sagrar-se Miss Países Baixos. Mas elas não são as primeiras.
Há cinco anos, em mais de seis décadas de história do certame, a espanhola Ángela Ponce foi a primeira trans a chegar ao Miss Universo, após ser eleita em Espanha, competindo pela desejada coroa entre 94 candidatas, na gala que decorreu na Tailândia. A regra mudou em 2012, depois de Jenna Talackova ser desclassificada do Miss Universo Canadá exatamente por ser trans. Protestou e garantiu o reingresso. Não ganhou, mas ajudou a mudar mentalidades.
Mudam-se os tempos...
O regulamento do Miss Universo tem-se adaptado à evolução da sociedade, ainda mais após a organização ter sido comprada, em 2022, pela empresária tailandesa Jakapong Jakrajutatip.
Ativista e transgénero, a magnata da comunicação social quer “fazer evoluir a marca para a próxima geração”.
A partir de 2023, passa a aceitar também mulheres casadas, divorciadas, grávidas e mães. Com dois filhos, Luca, de sete anos, e Bella, de dois, a Miss Guatemala Michelle Cohn, de 28 anos, e a Miss Colômbia Camila Avella, de 28, casada e mãe de Amelia, de dois anos, assim o provam.
Aos poucos, cada país adapta as suas regras para promover a diversidade nas candidaturas, em consonância com o conceito universal, e Portugal não é exceção.