Ainda em El Salvador, onde na madrugada de domingo fez história no concurso Miss Universo, Marina Machete fez o balanço da experiência, assumindo que “foi um grande orgulho” ficar nas 20 semifinalistas. Modelo trans destacou os contactos internacionais e que “vão abrir portas, quer em Portugal, quer no estrangeiro”.
Corpo do artigo
Aos 28 anos, Marina Machete tornou-se a primeira mulher transgénero a ser Miss Portugal, o que lhe deu o passaporte para representar o nosso país no Miss Universo, voltando a fazer história.
Na madrugada do passado domingo, na capital de El Salvador, a hospedeira de bordo classificou-se no top 20, conquistando a melhor classificação de sempre para uma candidata trans.
Para ela, “entre 84 candidatas, ficar no top 20 foi um grande orgulho”. Isto porque “não é todos os anos que um país tão pequeno como o nosso consegue este feito”, acrescentou ao JN.
"Não estava à espera"
O nome “Portugal” foi o terceiro a ser anunciado e a expressão de Marina transpareceu surpresa, antes do brilho da felicidade iluminar o seu olhar. “A minha reação foi muito genuína porque realmente não estava à espera”, confessou.
“Da experiência, ficam sobretudo as amizades que fiz para a vida, os contactos que se fazem a nível internacional e que, realmente, vão abrir bastantes portas, quer em Portugal, como no estrangeiro”, sublinhou.
A jovem notou ainda que não só para ela, “como também para a organização”, que a sua participação “teve bastante impacto para outras pessoas que se identificam” com a sua história: “Acho que podem tirar disto quase que uma inspiração e ver que nada é impossível. Podemos alcançar os nossos objetivos, independentemente daquilo que passamos na vida e da história que carregamos”.
“Sinto que foi missão cumprida classificar-me e deixar o nome de Portugal bem visível. A bandeira no top ficou muita bonita. Depois, a fase em biquíni também correu muito bem. Infelizmente, não passei ao top 10, mas toda a experiência foi fantástica”, resumiu Marina, horas antes do regresso a casa.
Vencedora é da Nicarágua
Da Nicarágua, Sheynnis Palacios é a nova Miss Universo, enquanto tailandesa Anntonia Porsild, de 27 anos, ficou em segundo lugar, e a australiana Moraya Wilson, de 22, fechou o pódio.
A 72.ª edição do concurso, em San Salvador, foi a mais inclusiva e marcada pela diversidade, após a mudança de regras. Pela primeira vez, houve duas candidatas trans (a Marina juntou-se a holandesa Rikkie Valerie Kollé), duas casadas e mães (Michelle Cohn da Guatemala e a colombiana Camila Avella), outra com 30 anos (a Miss Bulgária, Yuliia Pavlikova), e uma enfermeira plus-size (a Miss Nepal, Jane Dipika Garrett), que ficou igualmente no top 20.