Depois de Hollywood, o #MeToo abala a indústria musical norte-americana, com mais artistas acusados de abusos sexuais. A prisão do rapper Sean “Diddy” Combs abriu a “caixa de Pandora”, e agora é a vez do cantor country Garth Brooks ser denunciado por alegada violação.
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Garth Brooks, uma das maiores estrelas da música country, foi acusado de agressão sexual por uma mulher que alega ter sido violada num quarto de hotel em Los Angeles, EUA, e sujeita a investidas sexuais durante cerca de dois anos, segundo o processo judicial apresentado, esta quinta-feira, num tribunal da Califórnia.
Identificado nos documentos judiciais com o pseudónimo Jane Roe, a vítima é uma cabeleireira e maquilhadora que trabalhou com o artista e a mulher deste, Trisha Yearwood, entre 2017 e 2020. Nesse período, diz ter sido reiteradamente assediada, detalhando inclusive que estava em casa de Brooks quando este entrou no quarto com o pénis ereto, forçando-a a tocar-lhe nas partes íntimas.
Em reação, via comunicado, o cantor adiantou que, nos últimos dois meses, foi “infinitamente incomodado com ameaças, mentiras e histórias trágicas sobre como seria o futuro se não preenchesse um cheque de muitos milhões de dólares”. “Foi como ter uma arma carregada à minha cara”, acrescentou.
Para ele, “o dinheiro, não importa quanto ou quão pouco, ainda é dinheiro para silenciar”, por isso, como sublinhou, tomou medidas: “Na minha opinião, isso significa que estou a admitir um comportamento do qual sou incapaz – atos feios que nenhum ser humano deveria cometer com outro. Entrámos com uma ação contra essa pessoa há quase um mês para nos manifestarmos contra a extorsão e a difamação de caráter. Anonimamente para o bem das famílias de ambos os lados”.
“Quero tocar música esta noite. Quero continuar as nossas boas ações daqui para frente. Parte o meu coração que essas coisas maravilhosas estejam agora em causa. Confio no sistema, não temo a verdade e não sou o homem que descreveram ser”, concluiu o músico.
"Os predadores sexuais não estão apenas nas empresas americanas"
A ação judicial movida contra Garth Brooks é a mais recente a visar uma celebridade da indústria musical norte-americana, e há quem já fale num novo #MeToo, depois daquele que abalou o universo do cinema e da televisão, com vários casos em Hollywood.
Acontece dias depois de cerca de 120 pessoas denunciarem Sean "Diddy" Combs por abuso sexual. O o rapper e produtor musical está detido desde 16 de setembro e enfrenta acusações federais por associação criminosa e tráfico sexual.
“Os predadores sexuais não estão apenas nas empresas americanas, em Hollywood e nas indústrias do rap e do rock and roll, mas também no mundo da música country”, declararam os advogados de Jane Roe, numa nota divulgada pela AFP, “confiantes de que Brooks será obrigado a responder pelas suas ações”.
No processo agora apresentado é referida a queixa feita, em setembro, por Garth Brooks, também sob um pseudónimo, a solicitar uma ordem judicial que impedisse uma “conduta extorsiva”. “O esforço (do artista) para silenciar a nossa cliente através de uma ação preventiva no Mississippi não foi mais do que um ato de desespero”, argumenta a acusação.
Garth Brooks, de 62 anos, já vendeu mais de 135 milhões de cópias somente nos Estados Unidos, sendo apenas superado pelos “Beatles”, de acordo com a Associação Americana da Indústria de Gravação (RIAA).