O renascimento da Chanel: Matthieu Blazy inaugura uma nova era sob a lua de Paris
O Grand Palais Éphémère transformou-se num cenário lunar para acolher a estreia de Matthieu Blazy à frente da maison. Nicole Kidman regressa como embaixadora e Paris confirma: Chanel volta a brilhar com o esplendor da eternidade.
Corpo do artigo
Paris parou, esta segunda-feira, para assistir ao renascimento de Chanel. Na penúltima noite da Semana da Moda, Matthieu Blazy apresentou a sua primeira coleção como diretor criativo da maison, inaugurando uma era de transição e reinvenção.
O Grand Palais Éphémère tornou-se um "paisagem lunar", com uma lua alaranjada suspensa sobre uma passarela espelhada. Sob os reflexos cósmicos, desfilou uma coleção que uniu tradição e vanguarda, refletindo um diálogo entre o passado icónico de Coco Chanel e a visão contemporânea de Blazy.
O presidente de moda da casa, Bruno Pavlovsky, descreveu este momento como "uma fase de descoberta e aprendizagem". Sob a direção executiva de Leena Nair, a marca reforça equipas e aposta num processo criativo mais colaborativo, que privilegia a precisão e a inovação.
Matthieu Blazy, que sucede a Virginie Viard, quis transmitir serenidade e força. As silhuetas flutuavam, as saias pareciam desafiar a gravidade e o tweed - alma da casa - ressurgia reinventado em volumes amplos e grafismos futuristas.
Entre brancos e negros, o desfile avançou para explosões de cor: vermelhos intensos, ocres, prateados. Cada detalhe evocava um novo ciclo para Chanel. Em cena, um luxo mais livre, menos encenado, mas profundamente artesanal.
Estrelas na primeira fila
A primeira fila foi, como se esperava, uma constelação. Penélope Cruz, Charlotte Casiraghi, Margot Robbie, Tilda Swinton, Naomi Campbell e Vanessa Paradis marcaram presença. Mas o grande destaque foi o regresso de Nicole Kidman como embaixadora da marca, duas décadas após a icónica campanha do perfume Nº5.
"Nicole sempre foi parte da história da casa. Livre e mutável, encarna a mulher Chanel. Reencontrá-la é um sonho tornado realidade", afirmou Blazy. A atriz australiana, serena e minimalista, após o anúncio do divórcio do músico Keith Urban, surgiu com uma camisa branca oversize e calças cinzentas, num elogio à simplicidade refinada que define esta nova etapa da Chanel.
Penélope Cruz manteve-se fiel ao estilo effortless chic - casaco de cabedal negro, calças bege e clutch a condizer. Já Úrsula Corberó, grávida do primeiro filho, emocionou com um top fluido azul e calças de alfaiataria preta, símbolo de um novo conceito de feminilidade.
Tilda Swinton, sempre inclassificável, encarnou o espírito mais intelectual da casa com uma combinação preto e branco de linhas puras, enquanto Margot Robbie, rosto do perfume Nº5, trouxe irreverência com um conjunto maxi e ar descontraído.
O desfile encerrou com uma nota simbólica: sob a luz da lua, as modelos caminharam num passo suave, quase etéreo, como se Chanel voltasse a respirar após um longo silêncio. Matthieu Blazy não apresentou apenas uma coleção, apresentou uma nova linguagem, onde a herança de Coco se cruza com o futuro da moda.