Os rostos e as empresas que colocam o calçado português na linha da frente
A história da internacionalização do calçado português é feita de audácia, coragem e ambição. De aventuras, sobressaltos, acasos, altos e baixos, viagens, feiras internacionais, e tantas, mas tantas, chamadas de telefones fixos, no tempo em que não havia internet.
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Fortunato Frederico não deixou escapar a oportunidade quando viu uma mosca num stand na Alemanha. E saiu-lhe a lotaria. Joaquim Moreira começou a exportar quatro anos depois de abrir a Felmini, na década de 1970. E as encomendas não pararam de aumentar. Sérgio Cunha sabia que o nome tinha de ficar no ouvido, criou a Nobrand. E está em 15 países. Fátima Oliveira assumiu o leme de uma empresa tradicional. E sabe que o segmento de luxo precisa de mais geografias.
A vontade de saltar fronteiras fazia parte da estratégia desde o início. Em 1984, século passado, Fortunato Frederico olhava para um país pequeno, incapaz de absorver os produtos que tinha em mente. Sabia que tinha de olhar mais além. Nesse ano, quando abriu a fábrica de calçado Kyaia, momento tão ansiado, projeto tão preparado, virou-se para Amílcar Monteiro, rapaz de 19 anos que sabia falar inglês, e deu-lhe o toque: “Tens de estar preparado para ir tomar café a Londres porque é assim que se vende”. E era mesmo assim. Caso contrário, admite anos depois, já tinha fechado as portas há muito. “O país é demasiado pequeno para sonhos grandes”, comenta o empresário de Guimarães. Ia crescendo, ia sonhando. Ia sonhando, ia crescendo.