Realizador James Toback condenado a pagar mais de mil milhões por abusos sexuais
Um júri de Nova Iorque condenou James Toback a pagar 1,52 mil milhões de euros a 38 mulheres que o acusaram de agressão sexual, rapto, coerção e abuso psicológico. Nomeado ao Oscar pelo argumento de "Bugsy", o realizador e argumentista foi denunciado numa investigação do jornal "Los Angeles Times".
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Quase sete anos após as primeiras acusações, o cineasta James Toback, conhecido por filmes como "Quando Serei Amada?", foi condenado por agressão sexual, rapto, coerção e abuso psicológico. Esta quarta-feira, um júri do estado de Nova Iorque decidiu que terá que pagar 1,68 mil milhões de dólares (1,52 mil milhões de euros) a 38 mulheres que o acusaram, sendo que 1,2 mil milhões de euros dizem respeito a danos punitivos e cerca de 450 milhões à indemnização compensatória.
Atualmente com 80 anos, o realizador continua a negar todos os factos que lhe são imputados, argumentando que, devido à diabetes e a problemas cardíacos, seria “biologicamente impossível” que tivesse os comportamentos descritos.
Toback foi julgado após uma queixa movida em dezembro de 2022, no âmbito de um enquadramento legislativo especial em Nova Iorque intitulado "The Adult Survivors Act2" (Lei dos Sobreviventes Adultos, em tradução livre), que entre novembro de 2022 e novembro de 2023 permitiu a sobreviventes de abuso sexual apresentarem queixa, independentemente de há quanto tempo o abuso tinha ocorrido. No seu caso, o veredito resulta de uma ação civil e não penal, pois as acusações já tinham prescrito.
"Este veredito é sobre justiça. Mas, mais importante, trata-se de reconquistar o poder dos abusadores — e dos seus facilitadores — e devolvê-lo àqueles que ele tentou controlar e silenciar", afirmou Brad Beckworth, advogado das queixosas, sublinhando que "um júri da comunidade metropolitana de Nova Iorque falou com muita clareza e enviou uma mensagem que repercute muito além deste tribunal: ninguém está isento de responsabilidade". "O movimento não acabou. Há mais trabalho a ser feito", acrescentou.
Para Mary Monahan, uma das autoras centrais da ação, o desfecho representa mais do que uma vitória legal: “Durante décadas, carreguei esse trauma em silêncio, e hoje um júri acreditou em mim. Acreditou em nós. Isso muda tudo. Este veredito é mais do que um número — é uma declaração: não somos descartáveis. Não somos mentirosas. Não somos danos colaterais na busca de poder de alguém. O mundo agora sabe o que sempre soubemos: o que ele fez foi real. E o que fizemos — levantar-nos, falar — foi certo”.
Em 2017, várias mulheres contaram ao jornal "Los Angeles Times" que James Toback as abordava, falando da sua nomeação para um Oscar pelo argumento de "Bugsy" (1991) ou do seu currículo, para manipular quem tinha contratado, mulheres que abordava na rua ou que aspiravam a uma carreira no cinema. Dessa forma, forçava encontros em troca de possibilidades de trabalho.