Ricardo Pereira abraça o teatro de novo com a força íntima de "Uma Brancura Luminosa"

Ricardo Pereira regressa ao teatro com "Uma Brancura Luminosa", atualmente em digressão pelo país, ao lado de Sandra Barata Belo
Foto: Direitos reservados
Depois da estreia em Ovar, o ator Ricardo Pereira regressa às raízes com a adaptação portuguesa de Jon Fosse, um espetáculo que, diz, "continua depois de acabar". A digressão segue para Paredes, onde Ricardo e Sandra Barata Belo sobem ao palco já este sábado.
Corpo do artigo
Ricardo Pereira voltou ao teatro como quem regressa a um sítio que nunca deixou de ser casa. A 8 de novembro, estreou no Centro de Artes de Ovar "Uma Brancura Luminosa", a primeira adaptação nacional da obra de Jon Fosse, Nobel da Literatura em 2023. O projeto coloca-o lado a lado com Sandra Barata Belo, que assume também a encenação.
Na véspera da estreia, vivia-se aquela ansiedade boa que só o palco sabe provocar. Entre ensaios físicos - "a peça tem um lado físico bastante grande", confidenciou - e o ensaio geral já marcado para a noite, a expectativa era clara: "Amanhã é a primeira vez que nos vamos apresentar ao público. Estamos ansiosos, mas com vontade de perceber como é que esta peça lhes toca."
O público de Ovar acolheu o espetáculo, e a estreia serviu de impulso para a digressão nacional, que passa agora por várias cidades. Depois da Lousã, o próximo destino é Paredes, já este sábado, seguindo-se Covilhã (29 de novembro), Vale de Cambra (6 de dezembro) e Vila Nova de Famalicão, a 31 de janeiro.
A descentralização foi uma escolha deliberada, desde a primeira conversa sobre o projeto. "Era um objetivo da Sandra. Queríamos chegar ao maior número de cidades possível", sublinha o ator.
Uma peça que mexe com quem a vê
A escrita de Jon Fosse, descreve Ricardo Pereira, é um terreno fértil em possibilidades e interpretações: "Ela abre múltiplas possibilidades. Podemos navegar pela nossa vida ou pela vida de outras pessoas. Pode ser uma passagem para outro lugar que não sabemos explicar."
Com cerca de uma hora e quinze, o espetáculo prolonga-se muito para além do palco. "Imagino pessoas que saem dali e vão jantar, ou no carro para casa, a pensar como é que a peça lhes tocou. É uma peça que convida ao pensamento e ao debate. Vai continuar depois de acabar", partilha o protagonista.
Essa vontade de prolongar a conversa leva a dupla a criar momentos de diálogo com o público em cada cidade. "Vamos tentar fazer sempre uma conversa depois da peça, para percebermos o impacto e o que é que as pessoas levam desta brancura luminosa", promete Ricardo.
Entre palcos, câmara e casa
Apesar de ter dedicado este período exclusivamente ao teatro, Ricardo Pereira vive um ano cheio de projetos. A segunda temporada de "Rabo de Peixe" já estreou, "A Herança", na SIC, aproxima-se da reta final e há filmes prontos a chegar tanto ao Brasil como a Portugal.
Paralelamente, mantém o compromisso com a produção criativa, iniciado com a Netflix. "Encontrei o meu lugar aí. Já estamos envolvidos em dois, três projetos", conta, satisfeito com esta vertente da carreira que sempre ambicionou desenvolver.
Em casa, também há palco. O filho mais velho, Vicente, tem experimentado televisão e locuções "por opção dele", e a filha do meio, Francisca, integra o grupo de teatro da escola, também por iniciativa própria. "É muito giro vê-los fazer as suas próprias coisas. O importante é experimentarem para depois saberem os caminhos que querem tomar", confessa, orgulhoso, o famoso pai, que soma Violeta à prole.
Com a família bem e o teatro a ganhar-lhe de novo o centro, Ricardo Pereira segue agora estrada fora com esta "brancura luminosa", que volta a erguer-se este sábado, no Centro Cultural de Paredes, diante de um novo público pronto para sentir, interpretar e conversar.

