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Músico diz que o seu corpo não produz a hormona do [seu] género
Gerardo Santos / Global Imagens
Músico revela que o seu corpo não produz testosterona e chegou a sentir que se estava a transformar numa mulher. Recebe hormona via receita, que custa “cerca de 120 euros”, e fez transplante da barba.
Aos 34 anos, Salvador Sobral mostra-se cada vez mais disponível para falar de si próprio. Músico com carreira consolidada, é o único português que arrebatou o troféu da Eurovisão, em 2017, com a canção “Amar pelos Dois”.
Foi no podcast "Watch.TM", de Pedro Teixeira de Mota, que o cantor revelou que é “intersexual” devido ao facto do seu corpo não produzir testosterona, “a hormona que faz o [seu] género”, em quantidade suficiente.
O tema surgiu quando Salvador Sobral, casado com a Jenna Thiam, atriz belga, com quem tem uma filha, Aida, com pouco mais de um ano, falou da sua “participação no alfabeto LGBTQIA+".
"Senti que estava a transformar-me numa mulher", afirmou o músico, salientando que tem de receber a hormona receitada de quatro em quatro meses, pagando “cerca de 120 euros” por toma.
Salvador Sobral contou que, durante a adolescência, sentia-se diferente. “Um dia, senti que estava a transformar-me numa mulher, estava com dores nas mamas, a minha cara começou a ficar mais redonda e não tinha pelos em nenhum lado“, frisou.
Numa ida ao médico, depois de, numa operação Stop, o polícia o ter tratado como se fosse do sexo feminino, ficou a saber através de um teste que o seu corpo só produzia “0.02 de testosterona”. Foi quando começou a tomar a hormona e decidiu fazer um “transplante de barba”.
Transplante
O cantor e compositor, irmão da cantora Luísa Sobral, salientou que sentiu diferenças “depois de alguma medicação” que fez para o coração (teve displasia arritmogénica do ventrículo direito e fez um transplante depois de ganhar o festival), mas hoje acredita que se trata de uma condição anterior, dado que agora já não toma os mesmos remédios e continua sem produzir a hormona .
Salvador Sobral referiu-se, ainda, a uma terceira condição, mas por ser “mais delicada”, não quis falar no assunto. O que disse é que os médicos “não conseguem encontrar relação em nenhuma das três”.
De acordo com a ILGA Portugal, “as pessoas intersexo nascem com características sexuais (incluindo os órgãos e glândulas sexuais e o padrão cromossómico) que não se enquadram nas noções binárias tradicionais de corpo masculino ou feminino”.