"São umas cabras". Família de Depardieu chocada com declaração mas defende ator
A família de Gerard Depardieu defendeu o ator, acusado de agressão sexual e de múltiplos casos de violência sexual, e denunciou que o artista está a ser alvo de uma "conspiração sem precedentes" e é vítima de uma "manipulação monstruosa". Ainda assim, reconhece o choque com palvras obscenas reveladas num documentário.
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"O nosso pai/avô/tio está a ser alvo de uma conspiração sem precedentes. É vítima de uma manipulação monstruosa levada a cabo por um jornalista que não hesitou em vasculhar o lixo", critica a família numa coluna publicada no "Le Journal du Dimanche", refere o "Le Parisien".
A coluna é assinada por Julie, Roxane, Jean (os filhos), Delphine (a sobrinha), Élisabeth (a ex-mulher) "e toda a família Depardieu". "Em privado, com os seus filhos, é extremamente modesto, delicado e mesmo pudico", afirmam, segundo o jornal, que acrescenta que os familiares afirmam que Depardieu gosta de "brincar às provocações" quando está diante de uma câmara.
Os familiares referem-se a um documentário, lançado a 7 de dezembro em França, no qual Depardieu faz comentários obscenos e misóginos, tais como "as mulheres adoram andar a cavalo. O clítoris delas roça na sela. Elas gostam muito. São umas cabras", segundo o "Le Parisien".
A família reconheceu na coluna do jornal que ficou "chocada" com as suas palavras e acrescentou que se surpreende "frequentemente" com os testemunhos do ator. No entanto, lamentam que o documentário tenha optado por reduzir o ator ao papel de "idiota", que é aquele de que menos gostam.
"Rude, atrevido, pesado por vezes, mas não violento!", afirma a família, que critica o facto de "os seus excessos" e de a sua "liberdade de expressão" serem o que mais gostavam em Depardieu. "Esta figura foi encorajada a fazer rir muita gente no cinema e nos plateaus", afirmam.
Por último, a família Depardieu recorda que o ator pediu desculpa numa carta publicada no "Le Figaro". Indica ainda que "não é sua intenção fazer mal" e pede "que se acabe com a confusão entre palavras e acções" e "que não se utilizem provocações verbais para apoiar outras acusações", que segundo eles são "muito desonestas".
Acusado de violação
Nos últimos tempos, Gerard Depardieu foi acusado por 13 mulheres de violência sexual durante as filmagens de onze filmes lançados entre 2004 e 2022, segundo o diário francês "Mediapart" de abril último.
Recentemente, a 7 de dezembro, a atriz francesa Hélène Darras apresentou uma queixa por agressão sexual contra o ator do filme "Disco", de 2007, segundo o portal digital France Info, que detalha que a queixa foi apresentada em Paris, em setembro passado, na sequência da colaboração de Darras numa investigação jornalística sobre Depardieu.
A atriz afirma que o comportamento de Depardieu era "incontrolável" e diz que ele lhe pediu para ir ao seu camarim, o que ela recusou, mas isso não impediu o ator de alegadamente a "apalpar".
Até agora, Hélène Darras não tinha apresentado queixa, mas tinha dado o seu testemunho à polícia para apoiar o de Charlotte Arnould, que acusou o ator em dezembro de 2020 de a ter violado numa mansão, de acordo com os meios de comunicação social citados acima.
"Gérard Depardieu é o rei do "set". Olhava para mim como se eu fosse um pedaço de carne e agarrava-me pela cintura, tocava-me nas ancas e nas nádegas. Uma vez disse-me sem rodeios: "Queres subir ao meu camarim?" Eu disse que não, mas isso não alterou o facto de que entre os takes ele continuava a apalpar-me", conta.