Atriz francesa recorda "comportamentos impróprios" quando tinha 18 anos e filmou “Police” com o ator. Depardieu soma já mais de uma dezena de denúncias por alegados abusos sexuais.
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“Um predador”. É assim que Sophie Marceau descreve Gérard Depardieu, ator com quem trabalhou, em 1985, no filme “Police”. Na altura, a atriz tinha 18 anos e, como recorda, sentiu-se alvo de “comportamentos impróprios”.
O testemunho da ex-Bond Girl faz parte da série lançada este verão pelo jornal “Le Monde”, com foco na queda da reputação do intérprete de “Cyrano de Bergerac”.
Aos 74 anos, o ator enfrenta mais acusações de assédio sexual nas filmagens de diversos filmes, entre 2004 e 2022, sobre 13 mulheres.
Tudo começou há dois anos quando a atriz Charlotte Arnould avançou com uma denúncia, por alegada violação ocorrida em 2018, em casa de Depardieu.
Gostava de pôr as mãos...
Marceau recorda as humilhações sofridas durante as filmagens com Gérard. Relata um episódio em que, antes de uma cena íntima com ela, ele fez questão de comer para, conscientemente, a perturbar com o mau hálito, firmando “a sua relação de poder”.
Reporta ainda atitudes e toques corporais que, na ocasião, não pôde acusar, até porque no meio cinematográfico ninguém deu importância ao seu relato.
Ao “Le Monde”, Sophie Marceau, agora com 56 anos, garante que o francês naturalizado russo “nunca se atrevia” a tocar-lhe perante a equipa, “caso contrário, teria recebido um punho na boca”. Mas, deixa no ar que “as pobres [funcionárias] do vestuário” não tiveram tanta sorte...
A atriz conta ainda que, nas cenas simuladas de sexo durante a rodagem, Depardieu aproveitava para lhe pôr as mãos, mesmo que “invisíveis à câmara”, ou seja, sem que houvesse necessidade.
Aponta-o também como violento: numa cena em que o ator tinha que a esbofetear, usou tanta força que ela acabou a chorar. O ator contaria com a cumplicidade do realizador de “Police”, Maurice Pialat.
Em 2015, a atriz já tinha falado no assunto ao “Society”, deixando claro que Depardieu “é um predador”. O visado reagiu, admitindo ser, na época, “um pouco predador, e um pouco idiota também”.