Talento nacional e tradição marcam encerramento do Portugal Fashion ao ritmo do fado
O último dia do Portugal Fashion mostrou como o talento nacional vai além das tendências, com peças artesanais, colaborações sociais e um desfile-concerto inesquecível. A tradição encontra a inovação num evento que reforça a moda feita em Portugal.
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No último dia do Portugal Fashion, Susana Bettencourt abraçou gerações no Museu do Carro Elétrico com uma coleção carregada de significado.
Pequenas malas em crochê, feitas em colaboração com o Lar e Centro Social de Vila Boa de Quires, mostram que a moda pode ser muito mais do que roupa — pode ser uma ponte entre pessoas. “Queremos que o atelier seja um espaço vivo, onde os mais velhos ensinem os mais novos e todos aprendam uns com os outros”, explicou Susana.
A mistura entre técnicas artesanais e design digital está no coração desta coleção, que conjuga renda de bilros, crochê, jacquard digital e gráficos inspirados nas revistas antigas de malha.
O resultado são peças únicas, feitas à mão, que também envolvem estagiários no processo, transformando o atelier numa verdadeira escola.
A complementar, a criadora apresentou uma nova linha de sandálias, retomando a sua paixão pelos sapatos com as cores que são marca registada da marca: preto, branco e azul.
Estelita Mendonça levou o Oriente e a sustentabilidade à Rua do Ouro
Antes do sol subir alto, dê manhã na movimentada Rua do Ouro, um desfile ao ar livre fez quem passava parar para admirar as cores e padrões da coleção primavera/verão de Estelita Mendonça.
Laranja, verde néon e uma mistura arrojada de texturas criaram um contraste vibrante, resultado da reutilização criativa de materiais como robes, kimonos e seda vintage.
“A minha ideia sempre foi transformar o que já existe em algo novo e especial”, conta João Estelita Mendonça. Para ele, exibir o trabalho numa montra como o Portugal Fashion é fundamental, ainda mais após quase dois anos sem evento.
O designer defende que o formato anual faz sentido para um país pequeno como Portugal, e que vale mais a pena apostar numa coleção forte por ano do que duas divididas.
NOPIN e Davii: moda que fala e viaja entre o natural e o futurista
Ainda Museu do Carro Elétrico, Catarina Pinto apresentou a NOPIN com a coleção “Soundwave”, onde os tecidos parecem ondas sonoras que representam diferentes emoções.
Preto, azul, amarelo mostarda e rosa formam uma paleta que abraça a alfaiataria com detalhes como acolchoados e pérolas. A sustentabilidade está no centro da marca, que usa algodão, linho e poliéster reciclado, tudo feito em Portugal.
Do Brasil, o designer Davii trouxe “Moon Safari”, uma coleção que mistura o futuro com a natureza: tecidos tecnológicos, como couro e neoprene, contrastam com peças fluidas e transparentes.
A combinação de formas rígidas e soltas cria um diálogo forte entre o espaço e a terra, com cores como branco, verde oliva e preto.
Pé de Chumbo fecha com arte e música num espetáculo único
A marca Pé de Chumbo, de Alexandra Oliveira, foi a última a entrar em cena, combinando peças da coleção outono/inverno 2025 e novidades da primavera/verão 2026.
Vestidos artesanais em tons escuros e metálicos, franjas e cortes justos mostraram a essência da marca, pensada para mercados exigentes como o da Arábia Saudita.
Alexandra falou com orgulho do Portugal Fashion e do formato anual, que permite uma organização melhor e maior foco nas vendas.
Para além da moda, a marca fechou o evento com um desfile embalado pelo talento dez músicos, com a voz da jovem fadista Ana Costa a dar um toque final emocionante a esta semana da moda tão aguardada, cujo hiato de quase dois anos deixava saudade.