“O Estado transformou-se numa máquina ao serviço do poder”, acusa Ferreira Leite
A líder do PSD sublinhou hoje, domingo, "o sabor amargo da oportunidade perdida" com que se chega ao final da legislatura, durante a qual o Estado se transformou numa máquina ao serviço do poder e se criou um ambiente de intriga.
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"Chegamos ao fim desta legislatura com o sabor amargo da oportunidade perdida, dos combates desgastantes e, quantas vezes, estéreis", afirmou a líder social-democrata, Manuela Ferreira Leite, no encerramento da Universidade de Verão do PSD, num discurso que marca a 'rentrée' do partido.
Num discurso duro, repleto de críticas à governação socialista, Manuela Ferreira Leite criticou a transformação do Estado numa máquina ao serviço do poder, fazendo ainda alusão ao "ambiente de intriga" e à diluição de pilares da sociedade como a família e o casamento, numa clara alusão às leis aprovadas pelo PS, nomeadamente a lei do Divórcio.
"Nestes quatro anos e meio, o Estado transformou-se de modo insustentável numa máquina ao serviço do poder e dos que o ocupam, dos que protege e dos que lhe são submissos, com raras e honrosas excepções que só confirmam a regra", sublinhou.
Por outro lado, acrescentou, "criou-se um ambiente de intriga e de falsas verdades, diluíram-se pilares da sociedade como a família e o casamento, para impor a vontade da lei onde devia prevalecer a liberdade individual", a coberto de "proteccionismos pseudo-esclarecidos" e entrando-se no "declínio e na erosão dos valores cívicos e éticos".
"Chegámos ao fim de uma legislatura dominada pela prepotência de uma maioria absoluta que não soube aproveitar as extraordinárias condições que dispôs para governar", salientou.
Enquanto isto, o PSD "aguentou todos os ataques, insinuações, senão mesmo muitas mentiras", enfatizou a líder do PSD, recordando que o partido foi o primeiro a "revoltar-se contra o clima de asfixia democrática".
"Assistimos também à aprovação de leis em clima de confronto, às vezes mesmo de provocação, quando devia mobilizar as principais forças políticas, acolhendo sugestões e aperfeiçoamentos que muito teriam contribuído para uma execução justa ou isenta de dúvidas", frisou, lembrando ainda "emenda precipitada" e os "recuos" que muitos diplomas conheceram.
A "tensão social e a crispação" mereceram igualmente uma nota da líder do PSD, que considerou que o nível atingido só teve paralelo com na "arrogância" do Governo, indiferente a todos os sinais.
Também o debate político atingiu "níveis de agressividade nunca visto", prosseguiu Manuela Ferreira Leite, considerando que "a manipulação ou a gestão política dos anúncios ou dos dados políticos passou os limites do tolerável".
Uma situação agravada, segundo a líder social-democrata, com a chegada da crise que levou à subida do "tom insidioso, de ameaça e as tentativas desesperadas, primeiro de maquilhar, depois de aparecer como vítima".
"É tempo de mudar de página", defendeu.