<p>PSD e CDS vão abster-se na votação da moção de censura ao Governo apresentada pelo PCP, enquanto o BE está a favor. O primeiro-ministro criticou a "irresponsabilidade total" dos comunistas e o ministro Jorge Lacão considerou a iniciativa "extemporânea".</p>
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No dia da entrega na Assembleia da moção, que será discutida depois de amanhã, José Sócrates considerou "lamentável e condenável a posição de irresponsabilidade total do PCP". Pelo PSD, o secretário-geral, Miguel Relvas, anunciou que o partido irá abster--se, na sequência das declarações de Miguel Macedo, líder parlamentar, que havia rejeitado o cenário de "crise política" inerente à moção, mas admitido que o Governo "merece censura". O mesmo sentido de voto anunciou o CDS.
"Num momento destes, propor deitar o Governo abaixo não me parece a melhor solução para resolver qualquer problema em Portugal", reagiu ontem o primeiro- -ministro, em Madrid. Sócrates disse estar "habituado" a posições semelhantes por parte dos comunistas, considerando que, nos últimos 30 anos, "nunca trabalharam para construir, para o diálogo ou para o compromisso", mas "para destruir". A seu ver, o país precisa de partidos "que respondam ao interesse do país e não apenas à sua agenda política e táctica".
De encontro a esta última frase foi o ministro dos Assuntos Parlamentares, após a reunião de conferência de líderes que agendou o debate da moção para esta sexta, e várias interpelações ao Executivo para Junho. Jorge Lacão diz que tal revela a "extraordinária competição que os partidos da Oposição fazem entre si pela tentativa de domínio da agenda política e parlamentar". E nota a "singularidade" de os agendamentos obrigarem "de forma intermitente" à presença do Governo. Para o ministro, a moção do PCP é "completamente extemporânea", quando é preciso "concentrar esforços na concretização de medidas extraordinárias para afirmar a credibilidade" do país. E "imaginar uma crise política neste momento é certamente a última coisa que os portugueses esperam e precisam". Já o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, desvalorizou a moção.
Francisco Louçã anunciou que o BE votará a favor, afirmando que o desemprego, o aumentos dos impostos e a redução dos salários "fundamentam" esta opção.
Segundo Bernardino Soares, líder parlamentar do PCP, a moção é "a resposta indispensável a um conjunto de medidas anunciadas pelo Governo e pelo PSD". E "terá efeito prático independentemente" da votação. O objectivo é "transformar uma censura crescente no povo português, numa censura institucional, política, que visa criticar as medidas e exigir uma mudança de política". No entender de Jerónimo de Sousa, a reacção de Sócrates "é, no mínimo, uma posição de alguém muito convencido, pensando que ou ele ou o dilúvio".
*COM LUSA