Nem a notícia de que, horas antes, tinha havido uma derrocada fatal na vizinha praia Maria Luísa, em Olhos de Água, afastou os veraneantes das rochas da praia de Santa Eulália, ali ao lado.
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"Não estou muito confiante, mas enfim...", dizia, ao JN, António Cardoso, 75 anos, oriundo de Pombal. Tal como ele, várias pessoas, algumas com bebés de colo, procuravam a sombra das rochas para se abrigar do sol. "O perigo está em todo o lado", dizia, pragmático, Gilberto Pedro, 34 anos, desvalorizando o risco de desabamento ou de queda de pedras, como avisa a placa colocada à entrada da praia. "A minha teoria é: nasci, tenho que morrer. Onde tiver que ser não me interessa".
José Joaquim, 62 anos, que há 33 anos explora o restaurante "O Pescador", na praia de Santa Eulália, garante que derrocadas como a que ontem ocorreu na praia Maria Luísa também acontecem em Santa Eulália, só que, "felizmente", sem consequências fatais.
O concessionário garante que as pessoas ignoram os avisos de perigo e até chegam a arrancá-los das rochas. "Se os alertamos, ofendem-nos. Não pensam que os estamos a avisar para o seu bem. Dizem-nos: 'Os senhores querem é alugar chapéus!'", desabafou José Joaquim. O concessionário não responsabiliza as autoridades, mas admite que pudesse haver "um bocadinho mais de atenção". "Esta rocha é uma rocha falsa. É barro, é tufo. O mar vai batendo e facilmente corrói por baixo. Um dia acaba por cair", diz, defendendo que as rochas fossem esbatidas para não pesarem tanto.
Luís Gedelha, concessionário do restaurante da praia Maria Luísa, também aponta a incúria e o desrespeito da sinalética como causa do acidente de ontem de manhã. Garante que a sinalética é muitas vez arrancada, Durante todo o dia, enquanto decorriam as buscas, a praia continuou cheia de gente a apanhar sol e a tomar banho.