Alguns manifestantes em São Julião da Barra cercado por forte contingente policial
Alguns manifestantes receberam, esta segunda-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel, em frente ao Forte de São Julião da Barra, em Oeiras, que está cercado por umas dezenas de polícias, apoiados por outras tantas carrinhas de intervenção e um helicóptero.
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Um grupo de sete pessoas, que se intitulam os "amigos da Merkel", foram até Oeiras para dar as "boas-vindas de forma especial" à chanceler alemã.
"Já não viemos a tempo de almoçar com ela, mas deixamos-lhe aqui alguns recados sobre como está o nosso país", disse um dos manifestantes.
Com mensagens escritas em alemão, o grupo quis mostrar o seu descontentamento pelo que se passa no país e mostrar à "senhora Merkel" que "ela não manda na Europa".
"O povo unido, jamais será vencido" e "gatunos" foram algumas das palavras de ordem deste grupo no momento em que a comitiva da chanceler alemã chegou ao Forte e ao qual acabaram por se juntar outras pessoas, apenas curiosas, que estavam no local, bem como o grupo Homens da Luta que voltaram a marcar presença.
Também David Gabriel, surfista, trouxe a sua prancha, dedicada especialmente para Angela Merkel.
"Merkel, a vaca que ri da miséria dos outros", era a mensagem que se podia ler na prancha deste surfista que, disse à Lusa, gostava de dizer à chanceler alemã que "Portugal não pode pagar a dívida toda de uma vez porque há muita gente a morrer à fome".
"A culpa disto tudo é dos nossos políticos, mas ela é que está na cabeça do touro, portanto tem de saber como as coisas estão cá", sustentou.
Passava pouco das 11:horas e já o Forte de São Julião da Barra estava cercado por polícias, distribuídos em cordão ao longo de toda a extensão do forte, apoiados por cerca de uma dezena de carrinhas de intervenção e um helicóptero.
A vinda de Angela Merkel ao Forte, para um almoço com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, justificou o enorme contingente policial que, acabou por ter o tempo ocupado a desviar o trânsito e dar informações.
Localizado na Marginal de Cascais, o Forte de São Julião da Barra situa-se entre a Praia de Carcavelos e a Praia da Barra, onde diariamente dezenas de pessoas fazem atividade física e hoje, apesar de informados sobre a presença de Merkel, estranharam tantos elementos da polícia.
"Não me podia sentir mais segura a fazer exercício", brincou Helena Ferreira que caminhava junto ao Forte.
"Bem sei que a senhora vem cá e há muita gente que não gosta dela, mas também é um exagero o número de polícias que aqui estão", acrescentou José Gomes, também desportista.
Já o casal Fernanda e Manuel Silva não tinham conhecimento da presença da chanceler alemã no local onde todos os dias dão uma caminhada e, por isso, estranharam o "aparato".
"Não sabia que ela vinha aqui, pensava que ficava só em Lisboa. Pois, assim faz sentido que estejam aqui tantos polícias e tanta gente. Devem ter medo que haja confusão, mas não sei porquê, somos um país tão pacífico", disseram.
A chanceler alemã está, esta segunda-feira, em Lisboa para uma visita oficial de cinco horas, que inclui reuniões com o presidente da República, com o primeiro-ministro e o ministro dos Negócios Estrangeiros e com empresários dos dois países.
Esta é a primeira vez que a chefe do Governo da Alemanha visita oficialmente Portugal e a deslocação acontece num momento em que internamente cresce a contestação ao programa assinado com a 'troika', estando previstas duas manifestações anti-Merkel em Lisboa.
A visita, segundo disse Merkel numa entrevista à RTP, no domingo, é "uma contribuição" para mostrar que a Alemanha "quer ajudar" e "para ver o que se pode melhorar na cooperação entre empresas para gerar mais empregos".
Angela Merkel afirmou também não haver motivos para Portugal renegociar com a "troika' ou pedir novo resgate, elogiando a coragem com que o Governo faz o ajustamento financeiro.