
O presidente do PS, Almeida Santos, defendeu, esta sexta-feira, que o líder socialista "não deve fazer uma oposição feroz" ao Governo por enquanto, mas procurar equilibrar a "tendência de direita" do actual Executivo.
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À chegada ao XVIII Congresso do PS, que hoje começa em Braga, Almeida Santos disse que "os Governos devem ter um período de grande tolerância por parte dos adversários" e considerou que o Executivo PSD/CDS ainda vive esse período.
"O PS tem uma vantagem espantosa, a oposição teve pressa em chegar ao poder e apanhou o rabo da crise e a crise que foi má para nós também vai ser má para o Governo", afirmou.
Questionado se o actual secretário-geral do PS deve procurar fazer uma oposição à esquerda, Almeida Santos lembrou que António José Seguro "está amarrado ao acordo com a 'troika'" da ajuda financeira a Portugal (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional).
"Esse acordo não tem nada de esquerda, nessa medida, não pode virar muito à esquerda. Fora disso tem a liberdade total de virar à esquerda, e é preciso compensar a tendência deste Governo para a direita, este é um Governo economicamente liberal", defendeu.
Almeida Santos, que, esta sexta-feira, deixa as funções de presidente do PS e será substituído no cargo por Maria de Belém, elogiou a sua sucessora.
"Gosto muito da minha sucessora, sou muito amigo dela, acho que ela vai ser uma grande presidente", afirmou, dizendo que se, por um lado, tem pena de deixar o cargo, por outro considera que "já devia ter saído" há mais tempo.
Almeida Santos desvalorizou a existência de duas listas à Comissão Nacional -- uma da tendência do secretário-geral e outra encabeçada pelo candidato derrotado nas directas, Francisco Assis -, lembrando que "foi quase sempre assim" no PS e que tal não teve consequências negativas.
"O José Seguro vai corresponder à expectativa, ele tem alguma experiência, coisa que o actual Governo não tem, tem gente com experiência tecnocrática mas não governativa", disse.
