Ambientalistas denunciam lacunas no estudo de Impacto Ambiental do novo aeroporto
O Estudo de Impacto Ambiental do novo aeroporto de Lisboa tem "lacunas muito graves que mascaram ou omitem impactos muito significativos", pelo que não pode funcionar como um instrumento de apoio à decisão, alertaram hoje, segunda-feira, três associações ambientalistas.
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Em comunicado conjunto, as associações ambientalistas Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza, Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) e Liga para a Protecção da Natureza (LPN) expõem as conclusões do parecer sobre o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do novo aeroporto que as associações enviaram na à Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
"O EIA limitou-se a fazer uma avaliação muito limitada do verdadeiro impacto do projecto na região, uma vez que a maioria dos impactos avaliados foram-no apenas para a área de implantação do projecto, continuando os reais impactos na envolvente e na região por apurar", lê-se no comunicado.
As associações dizem que "a expansão urbana induzida por infraestruturas de transporte, em particular as rodoviárias, está completamente omissa desta avaliação" e chamam a atenção para o facto de a consulta pública ter decorrido durante Agosto e Setembro, altura "em que a maioria dos cidadãos se encontra de férias ou a retomar a sua actividade profissional", o que consideram ser "altamente contraproducente".
Segundo as associações, a construção do novo aeroporto vai afectar uma área de montado de 1.278 hectares e, apesar de o EIA referir como medida de compensação a plantação de mais de 1.500 hectares de montado na área envolvente, não é referida a localização dessa compensação.
Em relação à ecologia, as associações dizem que o EIA apresenta "lacunas muito graves e que são impeditivas de uma avaliação completa e adequada dos impactes reais do projecto".
Segundo o comunicado, "a avaliação de impactos efectuada incide apenas sobre a área de implantação do novo aeroporto, não abrangendo os impactos directos ou indirectos sobre a envolvente, facto tanto mais grave quanto o novo aeroporto se situa a uns escassos cinco quilómetros de uma Reserva Natural".
As associações dizem ainda que "a avaliação de impactes sobre a avifauna não incluiu dados para a época de inverno, quando uma boa parte das aves presentes na região são invernantes".
Face a estes motivos, as associações concluem que "não é necessário nem adequado neste momento avançar com o projecto do novo Aeroporto de Lisboa".
O período de consulta pública do EIA terminou na sexta feira.
O novo aeroporto de Lisboa, que será construído na zona do Campo de Tiro de Alcochete, representa um investimento de cerca de 4,9 mil milhões de euros (incluindo a construção e o valor a investir no período da concessão).