O congresso começou atrasado não por simples tradição dos eventos em Portugal, mas devido a uma "proto-crise de intendência". Os representantes das quatros candidaturas reuniram-se na tarde de sexta-feira para definir a ordem dos trabalhos e concordaram na antecipação da discussão e votação dos estatutos para o início da tarde de sábado, deixando o restante dia para as intervenções políticas. O que provocou desde logo a ira de Santana Lopes.
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O proponente deste congresso extraordinário classificou a compartimentação das intervenções como uma tentativa de limitar o debate e chegou a ameaçar não aparecer no conclave. Ou seja: os oradores não-alinhados ficariam condenados a intervir somente depois do jantar.
A perspectiva de o debate ficar concentrado nos candidatos e nos seus apoiantes representava o fim de "golden share" dos barões.
Santana Lopes insurgiu-se e acabou por ser o primeiro dos notáveis a entrar no polidesportivo de Mafra depois de uma conversa tranquilizadora com Rui Machete.
Na manhã de ontem, a candidatura de Paulo Rangel ensaiou um recuo em relação ao pré-acordo de sexta-feira. Aceitava a antecipação da ordem dos trabalhos, mas colocava como condição que a discussão política se prolongasse para o domingo. Ao contrário dos outros candidatos, disponíveis para concentrar todo o congresso num único dia. A "batata quente" ficou nas mãos do presidente da mesa do congresso.
À entrada, Rui Machete advertiu que as quatro candidaturas tinham acordado na redução do tempo dos trabalhos e classificou a divergência manifestada por Paulo Rangel como uma questão "marginal".
A polémica nem sequer chegou a ser levada a votos.
O atraso cumpriu-se pontualmente e o congresso abriu exactamente às 13 horas e não ao meio e trinta definido no regulamento.
Rui Machete recordou então que as quatro candidaturas tinham acordado informalmente proceder a uma alteração da ordem dos trabalhos para tornar o congresso "eficiente", mas, e sem o dizer claramente, as divergências manifestadas por Rangel e Santana justificaram que a mesa tivesse decidido manter a ordem dos trabalhos. "Nunca houve qualquer intenção de restringir o tempo para os delegados expressarem o seu pensamento".
Os delegados aplaudiram e a polémica morreu de morte natural.