A eurodeputada socialista Ana Gomes considerou hoje, sexta-feira, que as investigações sobre a utilização de Portugal para voos da CIA, com presos de Guantanamo, nunca deveriam ter sido encerradas pela Procuradoria-Geral da República.
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Ana Gomes falava aos jornalistas antes do começo do segundo dia de Jornadas Parlamentares do PS, que terminam amanhã, sábado, no Porto, com a presença do primeiro-ministro, José Sócrates.
Interrogada sobre as mais recentes divulgações pelo portal Wikileaks de episódios em torno do transporte de prisioneiros de Guantanamo, a eurodeputada socialista advertiu que, neste momento, há ainda muitas questões sobre as quais não se quer pronunciar.
"Estou concentrada nas Jornadas Parlamentares do PS. Quanto ao fundo da questão, tudo o que tem saído só reforça o que tenho dito: ofereço o merecimento dos autos", respondeu.
Já sobre a questão se a justiça portuguesa deveria reabrir a investigação em relação à eventual utilização da Base das Lajes para o transporte de prisioneiros de Guantanamo por parte dos Estados Unidos, Ana Gomes salientou que sempre entendeu que este processo "nunca deveria ter sido fechado pela Procuradoria-Geral da República".
"As investigações, o que se sabia [do caso] exigia mais apuramento de responsabilidades. Agora as coisas estão a vir a lume por outra via, que ninguém contava. Vamos aguardar", disse.
Questionada sobre as consequências políticas e diplomática para o Governo português na sequência da divulgação pelo Wikileaks de telegramas provenientes da diplomacia norte-americana, a eurodeputada socialista recusou-se para já a fazer comentários.
Ana Gomes também não comentou a forma crítica como alguns responsáveis diplomáticos e políticos portugueses se referem a si na questão dos voos da CIA.