A eurodeputada socialista Ana Gomes manifestou-se este sábado em desacordo com o ministro das Finanças sobre a responsabilidade do Governo num entendimento com a oposição sobre a ajuda externa, acrescentando que Cavaco Silva não tem feito o seu trabalho.
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À entrada para o segundo dia do XVII Congresso Nacional do PS, na Exponor, em Matosinhos, Ana Gomes reiterou a necessidade de um entendimento sobre a negociação das condições da ajuda externa que implique "todos os partidos políticos, e, em particular, PS e PSD".
Confrontada com as declarações do ministro das Finanças, que na sexta-feira defendeu que cabe às instituições internacionais a responsabilidade de negociar com os partidos da oposição, Ana Gomes manifestou "desacordo" e não poupou críticas a Teixeira dos Santos.
"Claro que não estou de acordo com Teixeira dos Santos. Acho que o senhor ministro está cansado e exprimiu-se mal, como já aconteceu noutras vezes", afirmou Ana Gomes, em declarações aos jornalistas.
Para a eurodeputada socialista, "é evidente" que a forma de alcançar um compromisso passa por "um entendimento a nível nacional", no qual o PS, como partido do Governo, "tem de ser o primeiro" a procurar o entendimento e a oposição a "disponibilizar-se".
"É bom que os responsáveis políticos sejam crescidinhos, ultrapassem o que os divide e identifiquem aquilo que os une como portugueses", apelou Ana Gomes, defendendo que "é do interesse do PS co-responsabilizar" os restantes partidos neste processo.
Mas as críticas foram também dirigidas ao Presidente da República (PR), que, segundo Ana Gomes, "já devia ter ajudado há muito tempo" e "já devia ter feito o seu trabalho".
"Não tem obviamente feito o seu trabalho. Nesta crise política, o PR, até pela experiência como primeiro-ministro, tinha obrigação de ter intervindo e fomentado um acordo para um governo com base maioritária há um ano atrás. Tinha agora a obrigação, na véspera do chumbo do PEC, de fomentar um acordo", exemplificou.