As novas medidas de austeridade anunciadas nos últimos dias pelo Governo "ultrapassam os limites", advertiu, esta quarta-feira, o sociólogo António Barreto, considerando que "há falta de perícia e inexperiência" no Executivo, porque "podia haver mais seletividade".
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"Eu acho que estamos a ultrapassar os limites. Já estamos para lá e, sobretudo, continua a não se perceber o quê e o porquê" das medidas, afirmou António Barreto, à margem do 4.º Congresso Português de Demografia, que decorre hoje e quinta-feira em Évora.
Para o sociólogo, com "os sinais dos últimos meses", como "os desvios inesperados", a despesa que aumentou e a receita que diminuiu, "parece que há qualquer coisa de falta de perícia e inexperiência" no Governo.
Frisando estar a "falar sem nenhum contexto político", Barreto questionou o motivo pelo qual "se está a mexer nas pensões mais baixas" e se "vale a pena ir buscar meia dúzia de tostões a quem não pode".
O sociólogo defendeu que "podia haver mais seletividade" nas medidas de austeridade adotadas pelo Governo e levantou dúvidas quanto aos resultados do corte da Taxa Social Única (TSU).
"Será verdade que se vai compensar os grandes grupos económicos e as grandes empresas? Vai criar emprego e vai aumentar o investimento? Está-se a aumentar o contributo dos trabalhadores para diminuir o das empresas, mas é o das empresas ou é o dos proprietários?", questionou.
António Barreto advertiu que estas questões "não estão claras" e que "não se pode continuar a pedir sem explicar melhor".
"É o que eu critico, sobretudo, é não explicarem melhor e não partilharem mais e melhor com os cidadãos", acrescentou.