Na segunda intervenção perante o XXXII Congresso do PSD, em Mafra, os candidatos à presidência do PSD responderam ao desafio lançado sábado por Marcelo Rebelo de Sousa. Cavaco Silva em Belém é a meta.
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"Comigo a presidente não há duvidas, seremos de imediato apoiantes da recandidatura do professor Cavaco Silva porque é um esteio da estabilidade em Portugal, da transparência, da dignidade no exercício dos poderes", afirmou Aguiar-Branco, recolhendo aplausos da sala, que se mantém cheia apesar da hora tardia.
"Não há tabus, não há dúvidas, comigo a presidente apoiaremos Cavaco Silva", assegurou.
Elogiando a forma como decorreram os trabalhos do congresso, Aguiar-Branco considerou que esta reunião foi "o primeiro passo para a reabilitação dos valores" que considera estarem a ser destruídos pelo Governo de José Sócrates, como a autenticidade e a transparência.
"Os cinco anos do governo Sócrates fizeram com que a transparência descesse ao grau zero (...) temos dúvidas da relação do governo com poder económico, com o poder mediático e agora até com o poder judicial", disse.
Paulo Rangel quer um governo, uma maioria, um presidente
O candidato, Paulo Rangel, defendeu hoje que com a reeleição de Cavaco Silva, o PSD poderá conseguir esse "sonho, que é capaz de finalmente transformar Portugal: um governo, uma maioria, um presidente para Portugal e para a social democracia".
“Também aqui não há lugar a hesitações, não há duvidas, não há reservas, apoiaremos sem quaisquer restrições a recandidatura de Cavaco Silva", afirmou, provocando fortes aplausos junto dos congressistas.
Rangel deixou claro que esse apoio deve ser feito "não só porque é o melhor candidato, mas porque é o melhor dos candidatos que um partido poderia apresentar às presidenciais".
"Se conseguirmos eleger Cavaco Silva, com este projecto galvanizador de conquistar uma maioria, talvez consigamos esse sonho que é capaz de, finalmente, transformar Portugal, um governo, uma maioria, um presidente para Portugal e para a social democracia".
O candidato apresentou depois duas "prioridades fundamentais" que devem orientar o PSD no futuro, "conseguir libertar os portugueses do peso da dívida e fomentar a ascensão social das classes mais baixas".
Em relação ao peso da dívida, defendeu que o problema que se põe em Portugal é que se está "a sequestrar o futuro das gerações mais jovens, torná-las escravas de uma dívida que não fizeram. Temos que libertá-las de uma dívida que não é delas".
"É esse o sonho social democrata, o sonho de uma forte classe média onde as pessoas vivam, não com luxos, mas com conforto, sem necessidade de contar os tostões quando há despesas para pagar", disse o eurodeputado social democrata.
Castanheira Barros critica "cooperação estratégica" de Cavaco Silva com Governo
Castanheira Barros disse quer se for eleito líder do PSD apoiará a reeleição de Cavaco Silva a Presidente da República mas criticou a sua "cooperação estratégica" com o Governo de José Sócrates.
"Apoio Cavaco Silva caso ele aceite recandidatar-se. Mas não posso deixar de criticar a sua cooperação estratégica com o Governo. A Constituição da República não diz isso", afirmou.
Castanheira Barros defendeu uma segunda volta na eleição do líder do PSD, mas não já nestas eleições, para que "as regras não sejam alteradas a meio do jogo".
Propôs ainda que as eleições decorram conjuntamente com os congressos ordinários do partido, podendo os delegados votar no próprio encontro e os restantes militantes nas suas secções.
Passos Coelho desafia Sócrates a debater PEC com novo líder social democrata
Passos Coelho desafiou o primeiro ministro a adiar a votação do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) para o discutir com o novo líder social democrata.
A votação do PEC na Assembleia da República está marcada para dia 25 de março, véspera das diretas para a liderança do PSD.
"Se o primeiro ministro quer, do lado do PSD, algum acordo para exibir no estrangeiro, para exibir aos mercados externos, para exibir em Bruxelas de que na sociedade portuguesa nós apoiamos o caminho que vai ser seguido, que não escolha ele o caminho sozinho", declarou Pedro Passos Coelho, no congresso extraordinário social democrata de Mafra.
"E que aceite então não votar o PEC no dia 25 de Março, mas que o aceite votar quinze dias depois, se isso for necessário, depois de o discutir com o novo líder eleito do PSD", completou.
Passos Coelho disse, desde já, a José Sócrates que "deve saber que o PSD não aceitará um PEC que possa satisfazer Bruxelas porque daqui a três anos exibe um défice não superior a três por cento se isso for feito à custa das famílias portuguesas, à custa do futuro, se for feito por aqueles que são o motor da mudança em Portugal".
Passos Coelho contestou a intenção de reduzir as deduções fiscais, defendendo que "o Estado não faz nenhum favor em devolver-nos aquilo que nós gastámos" com a saúde e com a educação.
"Se nós pagamos para ter uma saúde tendencialmente gratuita, é justo que nos devolva aquilo que o Estado não nos retribui no serviço a que temos direito. Na área da saúde, diz o primeiro ministro: os senhores que em 2007 tiveram devoluções de 610 milhões de euros e em 2008 tiveram quase 650 milhões, este ano, para o ano, daqui a dois e três vão ter de descontar muito menos, mas não se preocupem, nós pagaremos todos os anos para a RTP mais de 400 milhões de euros. Não é este o caminho, com seriedade, que podemos seguir", criticou.